O dólar (USDBRL) recuava frente ao real nas negociações desta quarta-feira, abaixo de 5,40 reais, à medida que os investidores analisam dados sobre a inflação ao consumidor no Brasil, que vieram abaixo do esperado por analistas consultados pela Reuters.
Às 9h44, o dólar à vista caía 0,66%, a 5,3785 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento recuava 0,70%, a 5,3970 reais na venda.
Nesta manhã, o mercado nacional repercute números que mostraram que a alta dos preços ao consumidor brasileiro voltou a desacelerar no mês de junho, o que pode amenizar as preocupações recentes de investidores e do Banco Central com a inflação futura no país.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,21% em junho, após alta de 0,46% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Economistas consultados pela Reuters projetavam uma alta de 0,32%.
O IPCA vinha acelerando na base mensal desde março, à medida que se apuravam os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul ao longo da cadeia produtiva. Em 12 meses até junho, o índice acelerou para 4,23%, mas abaixo dos 4,35% esperados por economistas.
O resultado para o mês passado pode reduzir os temores do mercado em relação à inflação no Brasil, o que vinha contribuindo para uma crescente desancoragem das expectativas em relação à meta de 3% do BC e para a cautela dos membros da autarquia.
No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu interromper seu ciclo de afrouxamento monetário após sete cortes consecutivos na taxa Selic, agora em 10,50% ao ano.
Na pesquisa Focus desta semana, analistas subiram novamente a projeção para o IPCA ao fim do ano, agora a 4,02%.
“A taxa de câmbio apresentava tendência de baixa nas primeiras operações desta quarta-feira, refletindo a leitura de um índice IPCA de junho bastante favorável”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
“O número deve diminuir as preocupações dos investidores em relação a uma possível tendência de aumento inflacionário no Brasil. Também deve dar conforto ao Banco Central… e ajudar no trabalho de reancorar as expectativas dos agentes”, acrescentou.
Os dados favoráveis do IPCA se somam à retomada da confiança dos investidores com o compromisso do governo no ajuste das contas públicas, o que vem permitindo uma série de ganhos do real desde a semana passada.
Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4140 reais na venda, em baixa de 1,15%.
No exterior, o cenário também é de fraqueza do dólar, devido a um crescente otimismo de que o Federal Reserve começará a cortar os juros em breve, com operadores prevendo o início do ciclo de afrouxamento monetário em setembro.
Os Estados Unidos vêm apresentando dados mais moderados em seu mercado de trabalho, levando o chair do Fed, Jerome Powell, a dizer na véspera que o país não possui “mais uma economia superaquecida”.
Na quinta-feira, as atenções dos mercados globais se voltam para a divulgação do índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) para junho. A expectativa de analistas entrevistados pela Reuters é de ligeira alta de 0,1%, ante estabilidade em maio.
Quanto mais o banco central dos EUA cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos Treasuries diminuem.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,07%, a 105,050.