O dólar (USDBLR) recuou ligeiramente frente ao real nesta quinta-feira, após falas sem grandes surpresas do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, com o foco de investidores passando a se concentrar totalmente em dados de emprego dos Estados Unidos previstos para sexta-feira.
A divisa norte-americana à vista fechou em baixa de 0,23%, a 4,9347 reais na venda, movimento que acompanhou a forte queda de 0,5% do índice que compara o dólar a uma cesta de pares fortes.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,27%, a 4,9445 reais na venda.
Powell disse nesta quinta-feira que o banco central dos Estados Unidos “não está longe” de ganhar a confiança necessária na queda da inflação para começar a reduzir a taxa de juros, mas ressaltou que eventuais ajustes dependerão da evolução da economia e da continuidade de alta mais lenta dos preços, deixando o Fed dependente de dados.
“A gente está nessa expectativa em relação ao que vem dos dados”, disse Denilson Alencastro, estrategista-chefe da Geral Asset.
“Ainda mais depois das falas do Powell, que tem indicado que a decisão vai ser exclusivamente por conta de dados econômicos, e sinalizando que não quer apertar demais a política monetária para não detonar atividade, mas também está esperando essa resposta de convergência um pouco maior dos dados de inflação, crescimento, emprego”, completou ele.
A expectativa é de que o relatório de empregos do governo dos EUA, a ser publicado na sexta-feira, mostre abertura ainda sólida de 200 mil vagas de trabalho, contra 353 mil em janeiro.
Qualquer dado acima do esperado tende a impulsionar o dólar globalmente, já que jogaria a favor de um posicionamento mais restritivo por parte do Fed.
Juros mais altos nos EUA tornam o dólar mais atraente, uma vez que elevam os retornos do extremamente seguro mercado de renda fixa norte-americano.
Apesar de um clima externo incerto, Alencastro disse à Reuters que a força da balança comercial do Brasil principalmente após um 2023 estelar é um fator de apoio ao real no médio a longo prazo.
“Isso está sendo um certo colchão de segurança, está tendo fluxo via comercial para a economia brasileira. E, se o investimento estrangeiro direto não vai ser tão pujante com tudo que a gente tem visto no mundo, mesmo assim o Brasil, se comparado a outros países emergentes, é atrativo; não está tendo guerra aqui, a questão institucional está razoavelmente controlada”, afirmou Alencastro.
“Esse é um ponto interessante de a gente acompanhar nos próximos semanas, meses, até anos, para que segure um câmbio num patamar mais baixo. Quem sabe, se a gente conseguir ajustar a parte fiscal, a gente não consiga voltar para um patamar menor do que a gente tem se acostumado na média, entre esses 4,80, 4,90, 5,00.”