O dólar recuava em relação ao real na manhã desta sexta-feira, refletindo otimismo na China e movimento de ajuste após um salto da véspera que deixava a moeda norte-americana a caminho de encerrar a semana em alta na esteira de um posicionamento duro por parte do Federal Reserve.
Às 10:01 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,41%, a 4,9156 reais na venda.
Na B3, às 10:01 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,45%, a 4,9195 reais.
“Essa abertura positiva para o real é oriunda do bom momento da China, onde o minério de ferro nessa madrugada subiu… muito pelas expectativas de que os estímulos da China e a reposição de estoques nas siderúrgicas impulsionarão a demanda pelo minério”, explicou Márcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX.
“Isso é positivo, ajuda na recuperação das moedas emergentes –que também é o caso do real– depois da visão mais ‘hawkish’ (dura contra a inflação) pelo Fed, que deixou praticamente certo um aumento de juros ainda este ano, e indicou que os juros deverão ficar mais altos por um período prolongado”, completou ele.
Na quarta-feira, o banco central norte-americano manteve sua taxa de juros, como esperado, mas indicou que provavelmente aumentará os custos do empréstimos ao menos mais uma vez este ano. O banco central ainda revisou para cima suas projeções para o patamar de juros ao longo de 2024, com alertas de que a batalha contra a inflação está longe de encerrada.
A perspectiva de juros mais altos nos EUA costuma impulsionar o dólar globalmente, uma vez que implica retornos mais atraentes dos títulos do governo norte-americano, que são extremamente seguros.
Nesse contexto, na quinta-feira o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9358 reais na venda, em alta de 1,14%, marcando uma terceira sessão consecutiva de ganhos. Depois desse salto, a divisa ficava a caminho de fechar a semana em alta de quase 1%.
“Nós devemos ver ao longo desse curto prazo uma grande saída de volume de dólar”, previu Riauba, ainda citando o cenário de juros mais altos nos EUA por mais tempo.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou nesta semana a Selic em 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano, e sinalizou que manterá o ritmo de cortes.
Embora a ocorrência de reduções na Selic simultaneamente à manutenção de uma política monetária apertada pelo Fed signifique a redução do diferencial de juros entre Brasil e EUA –cenário ruim para o real–, muitos participantes do mercado têm ponderado que os juros domésticos seguirão em patamar restritivo mesmo com o início do afrouxamento pelo Copom, de forma que o impacto na moeda brasileira será limitado.