O dólar (USDBRL) teve mais um dia de estresse em relação ao real e chegou ao nível de R$ 5,869, que é o maior patamar desde 13 de maio de 2020, início da pandemia do coronavírus. É também o segundo maior valor nominal da história.
O mercado analisou, nesta sexta-feira (1), os dados do relatório payroll dos EUA de outubro, que mostrou a criação de 12 mil empregos em outubro, muito abaixo do esperado. A expectativa de corte de 0,25 p.p. pelo Federal Reserve, na próxima semana, foi consolidada pelo mercado.
O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de pares fortes, subiu 0,29%, a 104,282 pontos. Na semana, recuou 0,02%. O dólar subia a 152,97 ienes e o euro recuava a US$ 1,0836, enquanto a libra subia a US$ 1,2923.
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Além disso, no Brasil, o mercado tem ajustado as expectativas para a Selic na próxima reunião do Copom. O Itaú BBA elevou hoje a sua estimativa de 25 pontos-base para 50 pontos-base para o próximo encontro de 5 e 6 de novembro.
Os economistas ressaltam que, desde a última reunião, houve um aumento da percepção de risco país, com o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos subindo 10 pontos-base, para 158, refletindo a incerteza em relação à política fiscal e ao cenário eleitoral nos Estados Unidos.
“Fechamos outubro com mais um fluxo de capital estrangeiro negativo e juros estressando”, opinam os analistas André Ferreira e Weslley Mesquita, da MyCap.
O Ibovespa (IBOV) encerrou o dia em baixa de 1,23%, a 128.120 pontos.
“Graficamente falando, mercado vingou mais um rali de venda e segue com espaço para novas quedas com alvos em 125.000 e 123.000. Seguimos sem nenhum sinal de melhora com repique de curto prazo em 132.000”, destacaram Ferreira e Mesquita.
As bolsas de Nova York fecharam em alta. Os ganhos foram impulsionados principalmente por Amazon (AMZN; AMZO34) e Intel (INTC; ITLC34), cujos balanços agradaram os mercados.
O índice Dow Jones fechou em alta de 0,69%, aos 42.052,19 pontos. O S&P 500 subiu 0,41%, encerrando em 5.725,80 pontos; e o Nasdaq registrou ganhos de 0,8%, aos 18.239,92 pontos. Na semana, recuaram 0,15%, 1,37% e 1,50% respectivamente.
Dólar a R$ 6,50
O banco americano Wells Fargo apresentou nesta sexta-feira uma análise pessimista para o real brasileiro, com previsão de desvalorização acentuada frente ao dólar nos próximos anos, devido a fatores econômicos e políticos locais em um relatório chamado “A ficção fiscal do Brasil para frustrar o real”.
Assinado pelo economista Brendan McKenna, o documento destaca que o cenário de incerteza fiscal no Brasil, combinado com influências externas, pode levar o câmbio a patamares recordes de desvalorização, chegando a R$ 6,50 por dólar até o primeiro trimestre de 2026.
Embora o banco mantenha algum otimismo de curto prazo para o real, especialmente com a perspectiva de que o Banco Central do Brasil (BCB) possa aumentar a taxa de juros em novembro, a visão de longo prazo é de desvalorização. Segundo McKenna, “a combinação de política monetária mais flexível e política fiscal frouxa deverá impactar a percepção de mercado e pressionar o real para baixo a partir do segundo semestre de 2025 e até o fim do nosso horizonte de previsão”.
(Com Estadão Conteúdo)