O dólar (USDBRL) subia ante o real nesta quinta-feira, na contramão do seu desempenho frente a outras moedas emergentes, à medida que investidores analisavam novos dados sobre pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos Estados Unidos nesta manhã, um dos poucos eventos em uma semana de agenda macroeconômica esvaziada.
Às 9h54, o dólar à vista subia 0,5%, a 5,6515 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,11%, a 5,648 reais na venda.
Nesta manhã, investidores globais aguardavam ansiosamente a divulgação de dados sobre pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos EUA, em busca de sinais sobre o estado da economia norte-americana em meio ao ciclo de aperto monetário do Federal Reserve.
Os números do Departamento de Trabalho mostraram que os pedidos iniciais recuaram para 233.000 na semana encerrada em 3 de agosto, ante 250.000 pedidos revisados ligeiramente para cima na semana anterior, em resultado abaixo do esperado por analistas.
Em pesquisa da Reuters, economistas projetavam uma queda menor nos pedidos iniciais para 240.000.
O resultado deve contribuir para a redução das preocupações dos agentes financeiros com uma grande desaceleração econômica nos EUA, fomentadas por dados de emprego mais fracos do que o esperado na semana passada, o que provocou uma enorme aversão ao risco durante a semana.
Dados mais positivos no início da semana e falas apaziguadoras de autoridades de bancos centrais já haviam motivado uma recuperação na busca por ativos de risco, incluindo moedas de países emergentes e ações.
Com isso a moeda norte-americana se enfraquecia ante pares emergentes, recuando em relação ao peso mexicano, o peso colombiano e o peso chileno.
“A queda nos pedidos de auxílio-desemprego afastam um pouco a percepção de deterioração do mercado de trabalho. E isso refletiu um pouco nas bolsas… Mas aqui não repercutiu”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
“Acho que essa alta moderada está mais ligada a queda dos commodities hoje”, completou.
Nesta manhã, os preços futuros do minério de ferro caíram pela terceira sessão consecutiva e os preços do petróleo recuavam ligeiramente, o que pode afetar um país exportador de commodities como o Brasil.
Iene e cenário nacional
Outro fator que chegou a influenciar a fuga de ativos de risco no início da semana, o iene se fortaleceu momentaneamente frente ao dólar mais cedo, após um resumo de opiniões da última reunião do Banco do Japão mostrar nesta quinta que as autoridades discutiram novas altas de juros.
Em 31 de julho, o banco central japonês elevou sua taxa de curto prazo para 0,25%, a mais alta em 15 anos, de uma faixa de zero a 0,1%, e divulgou um plano para reduzir sua enorme compra de ativos, em uma mudança marcante de um programa de estímulo de uma década.
A perspectiva de juros mais altos no Japão, junto do aumento efetivo de julho, tem motivado a reversão de operações de “carry trade” com o iene, o que favorece a moeda japonesa.
Nessas operações, investidores tomam recursos emprestados em países com juros baixos, como o Japão, e aplicam em locais com juros mais altos, como o Brasil, a fim de ampliar seus rendimentos.
Após dados dos EUA, no entanto, o dólar tinha alta de 0,16% em relação ao iene, a 146,93.
No cenário nacional, o mercado voltava às atenções para a retomada de eventos com autoridades do Banco Central. O presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, palestra nesta manhã durante evento, em São Paulo.
O diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, participará de dois eventos mais tarde.
Investidores analisarão seus comentários após o BC manter a Selic em 10,50% ano em sua reunião da semana passada, em que sinalizou ainda que não hesitará em elevar a taxa de juros em prol da convergência da inflação caso julgue apropriado.
Na sexta-feira, o mercado analisará dados do IPCA para julho, com expectativa de analistas de um avanço de 0,35%, ante alta de 0,21% no mês anterior.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,25%, a 103,370