O dólar (USDBLR) à vista fechou a terça-feira em leve baixa ante o real, na contramão do movimento visto no exterior, em um dia marcado pela disputa entre investidores pela formação da taxa de câmbio de fim de mês e pelas tentativas do governo Lula de reduzir o mal-estar em torno da questão fiscal brasileira.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0405 reais na venda, em baixa de 0,15%. Em outubro, a moeda norte-americana acumulou alta de 0,26%
Na B3, às 17:13 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,24%, a 5,0570 reais.
Pela manhã, os negócios foram marcados por maior volatilidade, em meio à disputa de investidores pela formação da Ptax do fim de outubro.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
A atuação dos agentes fez o dólar à vista marcar a cotação mínima de 5,0090 reais (-0,77%) às 9h24 e, posteriormente, atingir a máxima de 5,0719 reais (+0,47%) às 10h15.
Definida a Ptax no início da tarde em 5,0575 reais na venda o dólar à vista passou a oscilar com menos influência de fatores técnicos.
Com isso, os investidores se voltaram principalmente para o noticiário. Desde sexta-feira o dólar no mercado brasileiro vem sendo pressionado pelas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que a meta fiscal de 2024 não precisa ser zero e que o objetivo dificilmente será alcançado, já que ele não pretende cortar investimentos.
Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou minimizar as declarações de Lula, mas acabou por reforçar a pressão de alta para as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
Nesta terça-feira, o foco esteve na reunião entre Lula e líderes de partidos da base aliada do governo. Na saída do encontro, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a meta de zerar o déficit primário no próximo ano depende da aprovação de medidas em tramitação no Congresso, que ampliam a arrecadação federal.
Neste cenário, após dois dias de alta, o dólar sustentou perdas ante o real nesta terça-feira na contramão do exterior, onde a divisa norte-americana subia ante a maioria das demais moedas, mas a questão fiscal serviu como limitador do movimento de baixa no Brasil.
“Ficamos mais suscetíveis à (formação da) Ptax, e ainda estamos com o susto que tomamos na sexta-feira, quando Lula falou sobre a área fiscal. Assim, as cotações ficam numa inércia trazida pelo fiscal”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
Na quarta-feira, as atenções estarão voltadas para as decisões sobre juros do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Como quinta-feira é feriado no Brasil, também é esperada certa pressão compradora de dólares por parte de agentes interessados em posições mais protegidas até a segunda-feira.
Às 17:13 (de Brasília), o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas subia 0,46%, a 106,650.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de janeiro.