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Dólar tem leve queda com exterior e pacote fiscal no radar

Ao longo da tarde, a moeda americana ganhou fôlego no mercado local e chegou a operar em diversos momentos em alta, embora modesta

por Estadão Conteúdo
3 min leitura
Notas de Dólar

Após rondar a estabilidade ao longo da tarde, com trocas constantes de sinal, o dólar (USDBRL) à vista se firmou em baixa na reta final dos negócios e chegou a esboçar o rompimento do piso técnico de R$ 5,80, com novas informações sobre as medidas de contenção de gastos que estão para ser anunciadas pelo governo.

Encerrada pouco antes das 16h mais uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros no Palácio do Planalto, fontes relataram ao Broadcast que o plano trará mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), no salário mínimo e no abano salarial, além das já ventiladas alterações na previdência dos militares.

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Não haveria alterações nos pisos de saúde e educação.

Nos últimos dias, haviam circulado rumores de cortes da ordem de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos e enquadramento da política de reajuste do salário mínimo às regras de crescimento real de gastos do arcabouço.

No fim da semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu o anúncio do plano para esta segunda-feira ou amanhã.

A influência da expectativa pelo pacote na dinâmica de negócios foi patente ao longo de todo o pregão. Pela manhã, o dólar até recuou e operou abaixo de R$ 5,80, acompanhando parcialmente a onda de desvalorização da moeda americana no exterior.

O real, contudo, já apresentava desempenho inferior a de seus pares, como o peso mexicano e o rand sul-africano.

Ao longo da tarde, a moeda americana ganhou fôlego no mercado local e chegou a operar em diversos momentos em alta, embora modesta, correndo até o pico a R$ 5,8213.

Com a perda de força no fim do dia, acabou a sessão em baixa de 0,15%, cotada a R$ 5,8055.

“Na minha visão, o desempenho do real hoje está ligado à questão do pacote de gastos, que já é aguardado pelo mercado faz algumas semanas. Com a expectativa pelo anúncio, ninguém quis formar grandes posições”, afirma o trader de renda fixa e moedas da Connex Capital Gean Lima, que projeta o real “melhorando marginalmente” caso o plano fiscal venha em linha com as expectativas. “Para o dólar vir abaixo de R$ 5,70, precisa de uma surpresa muito positiva.”

Lá fora, o dia foi marcado por uma queda firme dólar em relação a moedas fortes e à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Segundo analistas, a nomeação de Scott Bessent para secretário do Tesouro dos EUA no próximo governo de Donald Trump amenizou temores de aumento do déficit público e abriu espaço para alívio das taxas dos Treasuries e uma correção dos ganhos recentes da moeda americana.

Dólar
(Imagem: Reprodução/Freepik/@freepik)

Entre as demais divisas, destaque para a valorização de mais de 1% do florim húngaro e do shekel israelense, este impulsionado pela possibilidade de um cessar fogo entre Israel e o Hezbollah.

Lima, da Connex, observa que além da cautela com o quadro fiscal doméstico, há um ambiente mais propício à manutenção do dólar forte globalmente, o que limita o espaço para a apreciação do real.

Ele chama a atenção, em especial, para a fraqueza do euro diante de dados fracos da região, que sugerem um afrouxamento monetário mais intenso pelo Banco Central Europeu (BCE).

De outro lado, com indicadores mais robustos nos EUA e a eleição de Trump, o Federal Reserve pode manter uma postura mais cautelosa daqui para frente.

O economista André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, observa que há “muita incerteza” em torno do pacote de gastos, o que tende a deixar o mercado de câmbio mais volátil.

Ele acrescenta que parte do fôlego reduzido do real à tarde, contudo, pode ser atribuído ao mergulho dos preços do petróleo, com as notícias do cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah.

“Isso acaba impactando de forma indireta o mercado cambial brasileiro, uma vez que o barril do Brent é referência para a Petrobras e o Brasil é grande exportador de petróleo”, diz Galhardo. “Mas há uma série de elementos que deixa o mercado bastante volátil e não dá para determinar um ponto único.”

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