Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira aqueles que apostam no fortalecimento do dólar (USDBRL) contra o real, um dia após a moeda norte-americana acelerar alta ante o real em reação a declarações suas sobre a área fiscal, a realidade continua a bater em sua porta.
“Quem apostar no fortalecimento do dólar ante o real vai quebrar a cara”, disse Lula em discurso durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o “Conselhão”.
“Quem apostar em derivativo vai perder dinheiro nesse país”, acrescentou.
Os economistas do Bank of America revisaram hoje a suas projeções para o dólar em relação ao real para 2024 e os próximos anos e a tendência é de alta.
“A moeda no Brasil sofreu mais depreciação recentemente, dado o maior ruído fiscal, e com o atraso do primeiro corte do Federal Reserve”, explicam David Beker e Natacha Perez.
Dólar a R$ 5,75
Eles revisaram a estimativa para o dólar ao final deste ano de R$ 5 para R$ 5,25. Já para 2025 a projeção saltou de R$ 5,25 para R$ 5,50. Beker e Perez reconhecem que o câmbio deve continuar se depreciando até atingir R$ 5,75 em 2026. Vale ressaltar que a moeda já negocia em torno de R$ 5,50.
“Em relação ao setor externo, as importações estão aumentando com a maior demanda interna, e as exportações estão desacelerando, devido aos menores preços do minério de ferro e à produção agrícola (a safra de 2023 foi um recorde)”, opinam.
O Bank of America prevê a balança comercial em US$ 64,3 bilhões para 2024, com mais desaceleração em 2025 para US$ 51,3 bilhões.
“No geral, esperamos que a Conta Corrente registre déficits de US$ 41 bilhões em 2024, US$ 55 bilhões em 2025 e US$ 48 bilhões em 2026. Os altos níveis de IED (Investimento Estrangeiro Direto” devem continuar sendo mais do que suficientes para manter o saldo básico externo em terreno positivo”, reforçam.
Fiscal ruim nas despesas
No lado fiscal, a perspectiva de curto prazo é melhor, diz o Bank of America.
“O novo arcabouço fiscal define metas primárias que, se não forem alcançadas, limitam os gastos no ano seguinte. As metas de 2024 e 2025 são de déficit zero. O Ministro das Finanças promoveu uma agenda de aumento de receita, o que trouxe alívio”, explicam.
“O lado das despesas, no entanto, não melhorou”, ressaltam Beker e Perez.
As previsões para o déficit primário subiram de 0,3% para 0,4% em 2024 e de 0,6% para 0,9% em 2025, o que não ajuda na cotação do dólar.
“O fiscal deve permanecer desafiador, e esperamos um déficit primário de 0,3% em 26′ (abaixo da meta do governo de um superávit de 0,5%)”, concluem.