Após chegar ao nível de R$ 6,30 no final do ano passado, o dólar (USDBRL) iniciou um processo de forte queda em janeiro como reflexo da entrada histórica de recursos estrangeiros em janeiro e, agora, negocia em torno de R$ 5,89. Para o Wells Fargo, contudo, essa tendência pode se encerrar em breve.
Além disso, os investidores observam o crescimento das preocupações com os preços dos alimentos e a inflação. Há expectativas de uma eventual elevação dos preços do diesel, cujo valor não foi alterado em julho, quando houve aumento apenas da gasolina em 7,12% nas refinarias.
A presidente da Petrobras (PETR3; PETR4) terá reunião nesta quarta-feira, 29, com representantes de acionistas do setor privado da estatal, bem como o conselho de administração deverá se reunir também nesta quarta, para tratar de preços praticados no trimestre encerrado em dezembro.
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Cálculos internos apontam necessidade de reajustes de 13% na gasolina e 11% no diesel. Na semana passada, segundo estimativas do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), com a queda do dólar e do petróleo em janeiro, a gasolina estava 7,5% mais barata no Brasil do que no exterior e o diesel, 15%.
Jeitinho brasileiro no fiscal
Em um relatório publicado na segunda-feira (27), o time de economistas composto por Nick Bennenbroek, Brendan McKenna e Anna Stein, avaliam que, embora a moeda tenha se estabilizado desde sua mini crise no final de 2023, eles continuam a acreditar que a história de dominância fiscal se desenrolará na preparação para as eleições de 2026.
“Déficits fiscais persistentemente amplos sob o presidente Lula devem continuar a resultar em depreciação da moeda real brasileira, em nossa opinião”, ressaltam.
A dominância fiscal ocorre quando a política fiscal (gastos e dívidas do governo) se sobrepõe à política monetária, limitando a capacidade do Banco Central de controlar a inflação. Nesse cenário, a dívida pública elevada força o BC a manter juros baixos para evitar o aumento dos custos de financiamento do governo, enfraquecendo o combate à inflação e gerando instabilidade econômica e perda de credibilidade monetária.
“O Brasil é sensível à China, o que combinado com questões idiossincráticas, provavelmente resultará em estresse renovado na moeda brasileira ao longo deste ano e em 2026. Em nossa opinião, quando o Congresso voltar a se reunir, os cortes de gastos estarão em primeiro lugar e atingir o equilíbrio fiscal será uma prioridade”, pontuam os economistas.
Eles observam, no entanto, que os formuladores de políticas brasileiras não são muito flexíveis e há dúvidas de eles, e Lula, farão cortes de gastos com as eleições presidenciais no horizonte.
“Embora haja um diferencial saudável da taxa de juros real associado ao real, acreditamos que o deslizamento fiscal e o risco político devem superar o carry. Apesar da recuperação da moeda, acreditamos que o real brasileiro sofrerá pressão renovada e, por fim, veremos a taxa de câmbio USD/BRL testando R$ 7 no início de 2026”, ressaltam.
Efeitos da China
O Wells Fargo espera que os efeitos colaterais da China pesem nas moedas emergentes, mas também que os problemas econômicos por lá contribuam para um renminbi mais fraco. Parte da depreciação prevista vem do Banco Popular da China (PBoC) cortando as taxas de juros e não fornecendo grandes estímulos fiscais.
“A outra parte vem do PBoC acomodando a depreciação do renminbi em um esforço para manter a competitividade comercial. Em 2017-2019, sob o primeiro mandato de Trump, os formuladores de políticas do PBoC permitiram a depreciação do renminbi para preservar o setor de exportações da China. Esperamos uma resposta semelhante durante este ciclo tarifário e acreditamos que o renminbi pode atingir CNH7,75 em meados de 2026”, concluem.