O Banco Central lançou nesta segunda-feira (7) o nome do seu “real digital”, o Drex. A criação da moeda digital (em inglês, Central Bank Digital Currency – CBDC) viabilizará um ambiente seguro e regulado para a geração de novos negócios e o acesso democrático por cidadãos e empreendedores.
Em uma “live” nesta tarde, Aristides Cavalcante, chefe do escritório de inovação e segurança cibernéctica do BC, e Fábio Araujo, coordenador do real digital, deram alguns detalhes sobre como será e o que não será o Drex.
Confira alguns destaques separados pela equipe do Dinheirama:
1 – Por que Drex?
Segundo o BC, a combinação de letras forma uma palavra com sonoridade forte e moderna: ‘d’ e ‘r’ fazem alusão ao Real Digital; o ‘e’ vem de eletrônico e o ‘x’ passa a ideia de modernidade e de conexão.
2 – Ele é a mesma coisa que o real?
Sim. Ele é o real, só que em uma plataforma digital e pode interagir com outros ativos em uma tecnologia blockchain. O valor é o mesmo.
Se você transferir R$ 10 para outra pessoa, por exemplo, ele irá diretamente à outra pessoa, sem a necessidade de passar por uma instituição financeira. As transações serão feitas por meio dos “smart contracts”.
3 – Ele é um criptoativo?
Não é um criptoativo e não é uma “stablecoin”. Ou seja, tem a mesma validade de um real físico, mas apenas no ambiente online. O real digital e o criptoativo são diferentes na natureza. É uma representação da moeda nacional dentro do mundo digital.
Diferentemente das criptomoedas, cuja cotação é atrelada à demanda e à oferta e tem bastante volatilidade, o Drex terá o mesmo valor do real. Cada R$ 1 valerá 1 Drex, com a moeda digital sendo garantida pelo Banco Central, enquanto as criptomoedas não têm garantia de nenhuma autoridade monetária.
Moeda de atacado, não de varejo, o Drex não será acessado diretamente pelos correntistas, mas por meio de carteiras virtuais atreladas a uma instituição de pagamento, como bancos e correspondentes bancários. O cliente depositará nessas carteiras o correspondente em reais e poderá fazer transações com a versão digital da moeda.
4 – Qual a diferença do real digital para uma transferência online ou Pix?
O Pix foi criado para popularizar o acesso aos meios de pagamentos. O real digital, por sua vez, virá para facilitar o acesso aos serviços financeiros, como empréstimos, seguros e investimentos.
Na prática, o Drex funcionará como um primo do Pix, mas com diferentes finalidades e escalas de valores. Enquanto o Pix obedece a limites de segurança e é usado, na maior parte das vezes, para transações comerciais, o Drex poderá ser usado para comprar imóveis, veículos e até títulos públicos.
5 – Qual é a diferença de tomar um empréstimo por meio do real digital?
O Pix está ligado no sistema financeiro convencional, o que inclui os custos disso, por exemplo. Assim como o dinheiro que está em sua conta corrente.
Já o real digital estará ligado ao token de cada pessoa, ou seja, não está “dentro do banco”, mas em sua carteira.
Ou seja, ao saber que o dinheiro de fato existe, pelo token do real digital, o custo operacional reduz.
6 – Como vou usar no dia a dia, haverá uma carteira digital?
O real digital irá permitir que os produtos hoje oferecidos sejam ampliados, com mais 8-variedade e a um custo mais barato.
Quando o usuário abrir o seu aplicativo do banco, por exemplo, poderá ser ofertado por diversos produtos de investimentos.
A carteira digital funcionará de uma maneira custodiada, ou seja, alguma instituição ou fintech financeira ficará com a chave.
7 – O que será o “smart contract?”
O Smart Contract é um código, dentro da plataforma do blockchain, que permite a troca de ativos de forma segura.
Desta forma, por exemplo, poderá ser feita uma troca de bens, como automóveis, imóveis.
O dinheiro é transferido para o contrato, a outra parte envia o bem para o contrato, então a troca é feita.
Ele está sempre associado a um serviço financeiro. Desta forma, é natural que os custos sejam transferidos a ele. A vantagem, contudo, é que eles serão muito reduzidos.
O Banco Central escolheu 16 instituições financeiras na fase de testes. Segundo o BC, a principal limitação e preocupação é com a privacidade dos dados de cada usuário e da plataforma.
8 – Haverá uma “desmonetização”?
Uma das preocupações foi a eventual “desmonetização” e o efeito sobre a macroeconomia.
Para evitar isso, o real digital existirá em operações interbancárias, e o que aparecerá para o público é o depósito bancário tokenizado, no formato de drex.
9 – Os caixas eletrônicos terão saque do Drex?
Por enquanto, não.
10 – Vai aumentar o controle do Estado?
Já existe um arcabouço de proteção de dados e o Drex deve ficar abaixo dele. Segundo o BC, não terá mudança alguma sobre as informações que o acesso já existe.