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E a poupança em época de juros baixos?

por Felipe Russo

E a poupança em época de juros baixos?Como vimos no ótimo artigo do Ricardo Pereira, “Brasil empresta dinheiro ao FMI e derruba Taxa Selic”, em sua última reunião o COPOM decidiu reduzir a taxa básica de juros em um ponto percentual, para 9,25% a.a. É a primeira vez que a taxa SELIC atinge um dígito e por aí deve permanecer por algum tempo. O país parte para uma nova era de rentabilidades menores e mais aderentes às taxas praticadas por outras economias.

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É o começo de uma jornada que engloba reduzir o spread bancário e a rentabilidade de todos os investimentos[bb] financeiros. Entretanto, um investimento clássico e seguro, que é a caderneta de poupança, desponta nesse cenário como um problema para o governo.

Com sua rentabilidade garantida de TR + 6% a.a. e livre de taxa de administração e imposto de renda, ela passa a ser mais atrativa que grande parte dos fundos de investimento, principalmente em relação aos de curto prazo, que são tributados em até 22,5%, conforme a tabela regressiva de imposto de renda.

Com isso, grande parte dos investimentos pode migrar para a poupança, podendo causar escassez de recursos para as linhas de crédito que são lastreadas nos outros investimentos. O que deve ser feito é consenso entre especialistas. A poupança deveria sofrer uma alteração em sua rentabilidade para proporcionar um retorno mais adequado ao seu risco e simplicidade.

No entanto, por motivos políticos o governo decidiu “resolver” o problema tributando a poupança em investimentos acima de R$ 50.000,00, evitando que grandes somas migrem de investimento e preservando também a rentabilidade do pequeno investidor[bb]. Mas a estratégia afeta um dos pilares do desenvolvimento econômico, que é o crédito imobiliário.

O dinheiro para o financiamento de imóveis pelo SFH é proveniente dos investimentos em caderneta de poupança. Ao manter a rentabilidade da poupança preservada, o governo não permite que o movimento de queda das taxas afete também os juros do crédito imobiliário, impedindo que uma queda nos preços dessas linhas impulsione esse setor.

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Ou seja, cedo ou tarde (ou melhor, após as eleições), a poupança terá que render menos. Tomara que não demore. O crescimento do país agradece!

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Felipe Augusto Russo é investidor e autor do livro de análise fundamentalista “Avaliando Empresas, Investindo em Ações” (Editora Novatec).

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