Home Economia e Política “E agora, José? a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou. E agora, José?”

“E agora, José? a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou. E agora, José?”

por Alvaro Bandeira
0 comentário
“E agora, José? a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou. E agora, José?”

Talvez o poema mais conhecido de Carlos Drummond de Andrade sirva para ilustrar a situação atual do Brasil e mesmo do mundo. Nesse curto prazo que nos cerca, estamos meio à deriva nos mercados de risco no mundo e, no Brasil, não é diferente.

Na B3, até 08 de maio, a valorização acumulada em 2018 do Ibovespa estava próxima de 7,8%, sendo que nos dias de maio já acumulava queda de 4,4%. Mais que isso, perdemos zonas de suporte importante mostrando toda a fragilidade de curto prazo.

Passamos fevereiro, março e abril numa zona de congestão/acumulação, com algumas tentativas de rompimento infrutíferas para baixo e para cima, mas agora parece confirmar afrouxamento de curto prazo. Ok, necessita ainda de alguma confirmação, mas é isso que está sinalizando.

Riscos da geopolítica e a desaceleração econômica no mundo

Claramente estamos à mercê de dois fatores principais que alteram o comportamento de curto prazo dos mercados. O risco geopolítico e alguma desaceleração de economias importantes. Acessoriamente ainda temos que considerar a possibilidade de mudanças de atitude por bancos centrais de países desenvolvidos.

Nessa semana passada, trocamos o risco geopolítico da Coreia do Norte que não era tão grave, por outro com maior potencial de atrito, representado pelo Irã. Israel e Donald Trump acusam o Irã de mentir sobre o programa nuclear, e Trump tirou os EUA do acordo, apesar de pressões vindas da Europa.

Trump já disse que o acordo é ruim e foi muito mal negociado. Sua decisão sobre o acordo já estava claro. A Rússia expressou preocupação com o anúncio dos EUA sobre o acordo nuclear.

Trump, acirrando os ânimos protecionistas

Além do risco geopolítico, temos o risco ao comércio internacional. Trump está nessa ao acirrar ânimos protecionistas, nacionalista e xenófobo; a partir da imposição de sobretaxa aos produtos importados de aço e alumínio.

Aparentemente, desse lado, nada de grave deve acontecer, exceto por alguns atritos, mas não podemos desconsiderar a probabilidade de guerra comercial que no final da linha inibe a recuperação econômica global.

Quanto a desaceleração das economias, os últimos dados de conjuntura divulgados pela Alemanha e zona do euro como um todo, mostram esgotamento de curto prazo. Isso, não só enfraquece a moeda da região em relação ao dólar, como amplifica o desequilíbrio pelo comportamento de aceleração da economia americana e decisão do FED em elevar juros de forma gradual.

E no Brasil? Indefinições e a desistência de Joaquim Barbosa

No Brasil, a economia começa a mostrar sinais de paralisação pela não votação de reformas e ajustes. Dando lugar ao processo político conturbado, onde ainda teremos muitas mudanças. Agora mesmo, o candidato que representava o novo (Joaquim Barbosa) desistiu de concorrer na próxima eleição e volta a embaralhar todo o cenário, fortalecendo a candidatura Ciro Gomes (principalmente se vier com o PT) e enfraquecendo o centro de Geraldo Alckmin.

Com a economia estagnada pelo processo político e Copa do Mundo acontecendo em cerca de 30 dias, os investimentos diretos no país (IDP) encolhem e os dólares ficam mais raros no país, situação que o Bacen até o momento têm lidado com aumento da quantidade de contratos de swap cambial. Sem grande capacidade de afetar nossa economia, mas ainda assim expondo mais a situação dos emergentes. A Argentina lida com ataque ao peso.

Consequência de todo o ocorrido, a inflação que já vinha mostrando alta, acelera um pouco mais, ao ponto de algumas instituições financeiras, já estarem considerando que o Copom possa não reduzir a Selic na reunião de 16 de maio, como previsto para 6,25%.

Em resumo, o “mundo piscou indeciso” e os emergentes como sempre acabam prejudicados. Os mercados só retratam isso. Porém, para quem enxerga que a situação não irá desandar, abrem-se boas chances de montagem de posições.

E agora, José? José, para onde?

Sobre Nós

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.  Saiba Mais

Mail Dinheirama

Faça parte da nossa rede “O Melhor do Dinheirama”

Redes Sociais

© 2023 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.