É perfeitamente possível convencer eleitores que algo vai bem quando os números apontam para outra realidade: certos indivíduos, seja por convicções ideológicas ou conveniências pessoais, tendem a vendar sua consciência para a manutenção de benefícios pessoais.
Persuadir todos ao mesmo tempo, entretanto, é uma missão impossível. Falo do cidadão, do empresariado, investidores internacionais, eleitores e etc. Você está convencido de que está tudo bem com a economia brasileira?
O autor de “The Great Crash 1929”, John Kenneth Galbraith, sustenta que, durante a crise mencionada, em face à indisposição do presidente à época de tomar medidas econômicas substanciais para conter o colapso financeiro, eram organizadas reuniões de autoridades com grandes expoentes corporativos daquele tempo para passar uma ideia ao público de que algo estava sendo feito ou na iminência de ocorrer, quando nenhuma ação efetiva estava sendo debatida.
A realidade atual é parecida, apesar da gravidade da crise da década de 20 ser incomparável com a situação presente, mesmo quando indicadores industriais, de crescimento econômico, emprego e outros indiquem um cenário futuro perigoso.
A confiança no discurso político em face à deterioração da atividade econômica ganhou proporções inimagináveis, a ponto de se negar uma realidade incontestável. Ao que tudo indica, no jogo político essa cegueira ao que realmente se passa no País pode custar um projeto de poder.
Os mercados precificam antecipadamente os eventos. Em decorrência do forte peso das ações da Petrobrás no índice Bovespa, a bolsa brasileira vem oscilando de acordo com os cenários trazidos pelas pesquisas eleitorais, o que é altamente prejudicial aos investimentos no Brasil.
A recuperação ou queda dos ativos da petrolífera é resultado meramente de ataques especulativos às ações, não tendo ligação alguma com fundamentos corporativos ou econômicos.
Em um cenário altamente especulativo, diante de possibilidades eleitorais e de uma economia cada vez mais fragilizada, o sentimento do empresariado é o de aguardar os resultados – e, assim, há um recuo dos investimentos e da demanda por máquinas, equipamentos e mão de obra.
A percepção dos consumidores, em face a um contexto menos favorável no quesito empregabilidade e renda, é de que reduzir o seu consumo é uma decisão inteligente e coerente, ainda mais agora que muitas famílias perdem patrimônio pela exposição a ativos voláteis. O efeito cascata é inevitável.
E eis a encruzilhada típica dos anos de eleições: a própria natureza de incerteza das corridas eleitorais faz com que o setor produtivo hesite e segure grandes investimentos. A espera prejudica a economia.
O governo, almejando sua manutenção no poder, precisa assegurar que a atividade econômica permaneça aquecida para que a população apóie sua reeleição. Elevação de impostos é peremptoriamente proibida, sendo a emissão de dívida o caminho menos turbulento. Aparentemente.
Os mercados precificam impulsivamente o endividamento público, o que pode garantir uma vitória eleitoral, mas não um futuro tranquilo: no médio e longo prazo tal decisão costuma resultar em grandes turbulências econômicas.
O governo saberá tomar as decisões certas? Existe um projeto de Brasil para um novo governo? Pergunto novamente: você está convencido de que está tudo bem com a economia brasileira? O ano de 2014 está sendo realmente de fortes emoções – e ele ainda não terminou. O que você acha disso tudo? Comente abaixo. Obrigado e até a próxima.
Foto “Thumb down”, Shutterstock.