Por Carlos Jenezi, especialista em desenvolvimento de produtos e articulista da Plataforma Brasil Editorial.
No primeiro boom da internet, perto dos anos 2000, lembro claramente da corrida pela criação de mais e mais páginas de internet, com os mais diversos fins. Foi uma época de loucura digital, em que ávidos investidores compravam sites e “soluções” inexpressivas por alguns milhões de reais sem saber muito bem o que fazer com aquilo, muito menos como recuperar o investimento. Muito dinheiro foi perdido e a bolha logo estourou.
Foi também um período em que as empresas da economia real aderiram de vez à ideia de que deveriam ter suas páginas na web, ainda no formato de um grande livro corporativo, onde contavam suas histórias e mostravam seus produtos. Esse tipo de perfil dura até hoje para a maioria delas.
O passo seguinte foi o início da exploração do comércio virtual, ou e-commerce, onde empresas que já vendiam seus produtos e serviços em lojas físicas buscavam vender também via web, diretamente para seus clientes.
Seria o mundo ideal, eliminando custos de uma operação física, diminuindo intermediários e, claro, lucrando mais. Deu tudo errado! Tirando algumas exceções, a maioria das iniciativas fracassou e o momento seguinte foi de uma verdadeira “ressaca” virtual.
Os motivos são discutidos até hoje, mas um mercado ainda não maduro para tanta modernidade é o que melhor resume e explica o fato.
De lá pra cá, e muitos fracassos e aprendizados depois, muita coisa mudou. A economia digital é fato e importantíssima. Um novo boom surgiu, dos Apps (aplicativos), e está ai mais forte do que nunca – os investidores ainda pagam milhões de dólares por pequenas empresas virtuais, mas a percepção de retorno sobre o investimento é completamente diferente.
Desde investidores-anjo (aqueles primeiros a investir em soluções promissores) até gigantes da internet, todos pensam e agem baseados no conceito simples e imutável do lucro, e é ai que está a grande virada.
No momento em que o mercado virtual deixou se der construído por idealistas amadores (que acreditavam serem suficientes apenas uma boa ideia, meia dúzia de slides e alguns poucos acessos por mês) e passou a ser gerido pela nova geração de empreendedores virtuais (mais preparada e focada no lucro), a coisa se desenrolou.
Claro que ainda encontramos os mais diversos negócios de utilidade duvidosa circulando por ai na web, e vez ou outra até um investidor disposto a “torrar” seu dinheiro em ideias mirabolantes de pouca relevância, mas hoje são exceções.
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Conclusão
O que rege o mercado da internet na atualidade são os mesmos princípios básicos que regem a economia dita real: foco no mercado consumidor e suas tendências, rentabilidade, custos, lucro, receita, etc. A economia digital finalmente se encontrou com a real, através de seus princípios mais primitivos. Isso, sim, é modernidade!
Foto “Digital economy”, Shutterstock.