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Educação e Produtividade: Uma Conversa com Norton Moreira, da FabriCO

por Plataforma Brasil
3 min leitura
Educação e Produtividade: Uma Conversa com Norton Moreira, da FabriCO

Por Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial.

Finclass Vitalício Quadrado

Caro leitor, muito se fala sobre os entraves da competitividade brasileira e seus fatos geradores. Eles são muitos: burocracia, insegurança jurídica, elevada carga tributária (sem retorno relevante), infraestrutura deficitária e, por último, um pilar essencial, a capacitação.

Na busca por soluções que elevem as taxas de capacitação e habilitação de nossa mão de obra, seja ela operacional, técnica ou executiva, iniciativas governamentais se juntam a uma imensa mobilização privada que enxerga no mercado de educação, não apenas uma oportunidade, mas sobretudo um pote de ouro em termos de negócios e retorno do investimento.

Neste cenário, a educação a distância merece especial destaque. É bem provável que você já tenha tido a oportunidade de complementar a própria formação por meio de algum curso nesta modalidade ou já tenha lido (ouvido) a respeito.

Existem profissionais que estão imersos, dos pés a cabeça, nesse universo de inovação, alta competitividade e alto fluxo de investimentos, participando daquilo que hoje, seguramente, podemos denominar como uma das maiores revoluções no campo da educação dos últimos tempos.

Não se trata de um mercado para amadores, pois o conjunto de possibilidades traz na garupa um mundo de desafios. Fomos na fonte e entrevistamos um especialista da área, Norton Moreira, CEO da FabriCO, uma empresa especializada em soluções para educação a distância.

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Norton, a primeira pergunta é genérica mesmo, mas talvez com a sua resposta possamos atingir um contorno mais profundo. Qual é o impacto direto da educação à distância na produtividade corporativa?

Norton Moreira: O mundo corporativo vem buscando desenvolver competências individuais que ao se somarem permitam o atingimento de metas e realização da visão desde a Revolução Industrial.

Mais recentemente, essas ações foram estruturadas no que passou a chamar Universidades Corporativas e uma série de estudos e práticas vem sendo empregadas para, sistematicamente, reduzir a diferença entre a competência desejada e aquela que está disponível na organização.

A educação a distância tem um papel importante neste cenário, reduzindo custos de capacitação e ampliando o acesso dos colaboradores às iniciativas disponíveis e por conseguinte aumentando a produtividade corporativa.

A FabriCO se posiciona como líder no segmento de educação a distância para o segmento técnico-profissional. Conte-nos um pouco dessa trajetória.

N. M.: Ao longo dos últimos 15 anos, temos trabalhado no desenvolvimento de soluções para educação profissional e, nos últimos 8 anos, foram muitos os projetos que envolveram entender as necessidades de capacitação de operadores e engenheiros na indústria.

Percebemos então a importância de explicar a teoria de modo que pudesse desenvolver competências profissionais aplicadas no dia a dia do chão de fábrica. Para tanto, nos especializamos no desenvolvimento de simuladores, jogos e conteúdo orientados pela resolução de problemas.

Dentro desta lógica, temos desenvolvido mais de 8 mil horas de conteúdo para os mais diferentes clientes acadêmicos e corporativos.

Como você enxerga o mercado de educação a distância para os próximos 5 anos?

N. M.: Nos últimos dois anos, a demanda por conteúdo para educação a distância cresceu muito no mercado acadêmico. Vejo que a velocidade deve arrefecer nos próximos 3 a 5 anos, na medida em que o gap por profissionais técnicos se reduza.

Por outro lado, o mercado corporativo deverá passar a criar suas próprias escolas técnicas, a exemplo da Gerdau, Metro SP e Braskem, aproveitando a experiência acadêmica e aplicando-a no seu ramo de atividade.

Nesse cenário, a educação à distância passará por um novo ciclo de crescimento, se consolidando como a melhor alternativa para uma formação profissional de qualidade e aplicada.

A sua empresa é gerida por uma equipe sênior e experiente, e nem por isso pararam de inovar. Como é esse dia a dia em um mercado tão dinâmico?

N. M.: A FabriCO já passou por vários ciclos de crescimento e os desafios mudam continuamente. Costumo dizer que não existe crescimento orgânico e contínuo. Cada degrau é um novo mundo e você aprende rápido, ou vai ter que voltar para um patamar mais sustentável.

Nos últimos anos, contratamos bons consultores que nos ajudaram a entender essa dinâmica e tivemos quatro projetos de inovação aprovados em órgãos de fomento como FINEP, FAPESC e BADESC o que também nos ajudou a amadurecer.

O divertido é que não existem dois dias iguais em nossa rotina. Cada novo cliente, cada novo colaborador, cada novo fornecedor nos traz a chance de aprender e nos tornarmos sustentáveis. Pelo menos até o novo degrau.

É conhecido o processo de consolidação pelo qual atravessa o mercado de educação, e segundo a análise de alguns especialistas essa realidade deve se manter por um bom tempo. Qual a sua visão de futuro, diante dessa realidade?

N. M.: O processo de aquisições que vem consolidando os players na educação superior demonstra que existe uma tendência ao equilíbrio neste mercado. Já o mercado de educação profissional está em um processo de ebulição. A cada dia novas fusões são anunciadas e o governo tem o desafio de regulamenta (ou não) a oferta neste mercado. Acredito que essa turbulência trará grandes oportunidades.

Sabemos que o segmento de educação à distância não é feito apenas de tecnologia, mas é muito embasado também em metodologias. Conte-nos um pouco sobre essa dinâmica.

N. M.: É fato que a tecnologia se consolidou como um suporte indispensável para qualquer modalidade de educação. No entanto, ao analisarmos as tendências apresentadas em congressos e feiras do setor, ainda não fica evidente o caminho natural pelo qual a educação seguirá.

Pessoalmente, não acredito que um técnico formado totalmente à distância possa assumir a operação de um processo complexo, assim como acho um desperdício de tempo que este mesmo aluno fique sentado em uma sala de aula onde assuntos teóricos são explicados por um professor.

Muito provavelmente, seguiremos buscando modelos híbridos, aproveitando o melhor que as mídias interativas podem trazer para facilitar o processo de ensino utilizando os encontros presenciais para aplicação da teoria na prática, consolidando e avaliando o desenvolvimento de competências.

Ao leitor, obrigado pela companhia. Espero que a conversa tenha trazido algo de novo e útil para o seu dia. Obrigado e até o próximo.

Foto “E-learning”, Shutterstock.

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