Tenho acompanhado com profundo interesse o desfecho da campanha presidencial de 2014. O acirramento das posições parece de fato dividir o país em dois, mas com um agravante: ambos os lados partiram para uma campanha que fugiu de assuntos importantes para o país.
Fica a impressão, latente e perigosa, de que somos inimigos e não buscamos um único país, melhor, mais justo e com expectativas positivas quanto ao futuro da economia, educação, saúde, infraestrutura, investimento e etc.
Em meu modesto ponto de vista, e aqui não tenho nenhuma pretensão de alcançar o status de “dono da verdade”, acredito que o principal papel do governo é fazer com que as pessoas dependam menos dele ao longo do tempo.
Mais uma vez reforço que minha posição não é nenhuma crítica específica a projetos sociais e de transferência de renda. Eles são fundamentais para momentos como os que vivemos atualmente, principalmente quando no país ainda enxergamos uma grande quantidade de pessoas que vivem em condições realmente precárias.
O grande problema dos projetos sociais é que o pouco dinheiro que recebem como benefício acaba se tornando uma “muleta” que o acomodará por muito tempo. O ideal seria que tais benefícios servissem apenas como um “bote salva vidas”, para atravessar um momento de tormenta, temporário.
Temos que admitir que tanto o PT como o PSDB falharam na gestão de governo em se tratando de qualidade nos serviços públicos. Percebemos facilmente a ineficiência dos diversos órgãos públicos administrados por estes partidos nos últimos anos.
No âmbito federal, ficaram muito evidente os desmandos e a falta de controle em diversos momentos, mas o mesmo também acontecia nos governos tucanos, que também apresentaram casos graves de corrupção (ainda hoje existem muitos problemas em suas gestões nos governos de importantes cidades e estados brasileiros).
“Qual o melhor dos governos? Aquele que nos ensina a governarmo-nos a nós próprios” (Johan Wolfgang Von Goethe)
Voltando ao hoje, qualquer pessoa que precise de um serviço público, normalmente encontra muitas dificuldades para ser bem atendido. É assim nas áreas da saúde, na educação e mesmo quando se aposenta e conta apenas com a contribuição da previdência oficial.
A mensagem que falta às pessoas, e que deveria ser claramente transmitida pelos governos, é a de que somos também responsáveis pelas mudanças/melhorias que desejamos. Um eventual “choque de realidade” depende, antes de tudo, do cidadão. Corrupção, desvio de conduta, má gestão de recursos, será que tudo isso é tão diferente da nossa vida pessoal?
Precisamos assumir nossa parcela de responsabilidade em construir um futuro melhor e mais rico, independente de quem esteja no comando do país. Creio que só assim poderemos usufruir de serviços de qualidade em saúde, educação e tantas outras que hoje cobramos no serviço público e sabemos que só iremos encontrar na área privada.
O texto de hoje é curto, mas a reflexão precisa ser feita de maneira séria e sem viés político partidário. A ideia aqui é desarmar os eleitores, trazendo-os de novo para o exercício da cidadania e buscar o entendimento de que vivemos em um único país, ainda desigual é verdade, mas que precisa se unir para poder seguir adiante.
Vote com consciência, mas sem ódio – isso para que não fique mascarada a nossa real responsabilidade de transformar e mudar o país com boas ideias e muita ação, e nunca com rancor, segregação e ódio. Obrigado e até a próxima!
Foto “Helping others”, Shutterstock.