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Em busca de rentabilidade, fundos de pensão ampliam riscos das carteiras

Ao aplicar em crédito corporativo privado, fundos expõem os participantes ao risco de inadimplência, como aconteceu na Americanas e Light

por Fernando Camargo Luiz
3 min leitura
Fundos Riscos Investimentos

As Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPCs) estão reduzindo as exposições a ativos de renda variável em busca da renda fixa, mas isso não quer dizer que o risco das aplicações dos fundos tenha reduzido. Ao contrário, o movimento pode significar aumento. Do final de 2020 a abril de 2024, o percentual de alocação em renda variável (ações e fundos) saiu de 20,4% do total investido para 11,1%, praticamente a metade.

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Ao mesmo tempo, a participação da renda fixa cresceu de 72,6% para 80,7%. Os dados são da Abrapp – Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar.

A preferência pela renda fixa, entretanto, não quer dizer maior segurança para os participantes desses fundos, pois a maior parte da carteira alocada em renda fixa estão em fundos de investimentos classificados nessa categoria. O percentual, que era de 55,3% ao final de 2020, passou para 60,4% em abril deste ano.

E, quando falamos em fundos de renda fixa, muitos investidores acreditam que é um segmento totalmente livre de risco, mas a maior parte da indústria investe em crédito corporativo privado. A própria regulamentação permite que eles tenham até 20% do seu patrimônio neste tipo de ativo.

Até o fim de julho, houve um ingresso de R$ 241,6 bilhões em fundos com exposição a partir de 10% em crédito, segundo dados da Anbima. Desse total, R$ 81,4 bilhões foram para portfólios que carregam de 50% a 70% em dívida, com outros R$ 77,6 bilhões com parcelas acima disso. Os valores envolvem tanto investidores institucionais quanto pessoas físicas.

Ao aplicar em crédito corporativo privado, a EFPC expõe os participantes ao risco de inadimplência do credor do fundo, ou seja, da empresa que solicitou o empréstimo, como aconteceu recentemente em casos como o da Americanas (AMER3) e Light (LIGT3). Para exemplificar, a taxa de juros cobrada responde pela rentabilidade mês a mês. Enquanto a empresa está honrando o compromisso, os ganhos estão garantidos, mas o risco de crédito é binário, ou seja, é ganha ou perde.

Se a empresa entra em recuperação judicial e não tem condições de honrar os compromissos, o patrimônio investido estará em jogo.

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É bom lembrar que, de um tempo para cá, o risco do sistema vem aumentando com a taxa básica de juros (Selic) em patamar elevado e perspectivas de novas altas, que faz o cenário piorar. Além disso, os números de pequenas e médias empresas em recuperação judicial desde a última eleição nunca estiveram tão altos.

As dívidas milionárias dessas empresas não se limitam a fornecedores, mas também a obtenção de financiamentos de capital de giro junto ao mercado. E isso passa pelos fundos de investimento, sejam os tradicionais multimercados ou os específicos FIDCs, que começaram a entrar neste tipo de ativo, quando as estratégias tradicionais pararam de funcionar.

Como alternativa aos fundos expostos em crédito privado, a recomendação é aplicar em fundos caixa, cuja estrutura é desenhada para atender às necessidades específicas de investidores institucionais, com características que podem incluir maior liquidez, flexibilidade e uma abordagem transparente na gestão dos investimentos. Isso se alinha com os requisitos e expectativas desses investidores, proporcionando uma solução adaptada ao seu perfil.

Esse tipo de fundo é particularmente interessante para investidores institucionais, como fundos de pensão, companhias de seguros e grandes corporações, que buscam uma combinação de segurança e rentabilidade. A possibilidade de investir neste fundo representa uma chance de diversificação adicional e uma maneira eficaz de gerenciar riscos financeiros enquanto busca maximizar os retornos.

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