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Entendendo a recessão e os ciclos econômicos

por Conrado Navarro
3 min leitura

Entendendo a recessão e os ciclos econômicosAna comenta: “Navarro, estou lendo diariamente notícias e opiniões de jornalistas e economistas sobre o atual momento econômico de diversas nações e percebi que algumas delas já ‘entraram em recessão’. Coloquei entre aspas porque é justamente sobre tal afirmação que eu gostaria de conversar. O que significa para um país, ou para que se diga sobre este país, que ele entrou em recessão? O que é a recessão sob o ponto de vista do cidadão? Há algo fundamental que precisamos saber sobre isso? Muito obrigada”.

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Recessão, como o nome já nos convida a refletir, significa declínio da atividade econômica e algum problema para manter a economia[bb] aquecida. A definição é simples, mas ao longo do texto tratarei de aprofundá-la e deixá-la mais técnica, ainda que sem o difícil “economês”. Observar a recessão apenas como um fator isolado não nos dá a dimensão exata desta afirmação, portanto peço licença para um breve discurso teórico sobre ciclos econômicos.

De ciclo em ciclo
Precisamos entender e procurar observar que, historicamente, a economia é formada por ciclos. Na prática, isso significa analisar o desempenho econômico atual e compará-lo a diferentes situações vividas – tanto no passado recente, quanto no mais remoto. Isso significa pautar as análises em indicadores, como o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) por exemplo, que é justamente a tarefa de muitos economistas e analistas de mercado.

Os ciclos, normalmente caracterizados ou pela contração da economia ou pela sua expansão, apresentam indícios fundamentais para que o momento seja bem avaliado, com destaque para:

  • A bonança: trata-se do ápice econômico de uma nação. Níveis de desemprego muito baixos, ofertas de melhores salários, maior demanda, lucros crescentes e mercados imobiliário e de capitais (bolsa de valores[bb]) atingindo incríveis patamares são aspectos que caracterizam esta fase. Em resumo, tudo vai bem e todos ganham dinheiro;
  • A recessão: momento de correção, normalmente decorrente de um forte momento de bonança. Juros e salários ainda altos contrastam com a queda da demanda por produtos e escassez de crédito. As empresas auferem menos ganhos, perdem dinheiro com contratos futuros e tendem a vender seus produtos a preços mais baixos – o que nem sempre funciona, já que a população sente a falta de dinheiro e crédito para comprá-los. Hoje vamos tratar somente deste aspecto;
  • A depressão: é o fundo do poço de uma economia. Preços muito baixos, nível de desemprego altíssimo, salários reduzidos, ociosidade de plantas e fábricas, prejuízos freqüentes, poucos empréstimos e financiamentos são alguns indícios de que uma depressão pode estar em curso. Lembrando que tais indicadores precisam ser avaliados em um contexto histórico e com bons fundamentos comparativos. Há certa confusão entre recessão e depressão;
  • A recuperação: as coisas começam a se ajustar, o dinheiro passa a circular novamente entre os cidadãos e empresas gerenciam suas operações de forma mais coerente. Normalmente, aqui se percebe uma mudança no mercado, com empresas e trabalhadores ineficientes de fora, o que coloca a economia novamente em ritmo capaz de inovar e criar novos produtos a preços interessantes. Entra em cena a esperança, força capaz de fazer as pessoas consumirem mais e confiarem mais no sistema financeiro.

Vale ressaltar que os ciclos nem sempre obedecem uma ordem lógica. Contudo, é fácil perceber que os fatores e fases que os caracterizam explicam o conceito sempre abordado de que “crises são cíclicas”. Elas começam, se agravam ou se dissipam. São trabalhadas e as economias voltam a crescer. E começa tudo outra vez. Enfim, entendidos os principais momentos econômicos a que uma nação geralmente se submete, finalmente tratamos do que muito se comenta na imprensa: existem economias em recessão?

A chamada recessão técnica
Como já vimos, para se definir em que fase uma economia está é preciso avaliar determinados indicadores e compará-los aos seus valores passados. Neste aspecto, surge o importante conceito de recessão técnica, explicada aqui de forma muito objetiva: a economia de um país entra em recessão técnica quando há crescimento negativo do Produto Interno Bruto em pelo menos dois trimestres consecutivos. Vamos entender isso através dos exemplos atuais?

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  • A Alemanha, maior economia da Europa, apresentou queda de 0,5% no PIB do terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre, o que não ocorria desde 2003. Leia mais;
  • A Itália também viu seu PIB recuar 0,5% no terceiro trimestre quando comparado com percentual do segundo trimestre. Leia mais;
  • O Japão, segunda maior economia do mundo, viu seu Produto Interno Bruto retroceder 0,1% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre do ano. Leia mais.

Compreendido o aspecto técnico, cabe uma observação: entender essas variações de cenário e definir como elas influenciam o dia-a-dia dos cidadãos não são tarefas triviais. No entanto, é preciso que haja algum compromisso por parte de todos no sentido de absorver a mensagem e imprimi-la em forma de atos e ações dentro de casa e com as finanças[bb] da família. Começar com a leitura de um artigo como esse já facilita a interpretação de notícias encontradas em jornais e revistas especializadas.

Afinal, recessão significa risco de futura depressão, mas também oportunidade de se acertar e voltar ao período de bonança, passando por um convincente momento de recuperação. Na vida pessoal, no ambiente corporativo ou na economia nacional, não importa, seja bem-vindo ao mundo real dos ciclos econômicos.

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Crédito da foto para stock.xchng.

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