A recente recomendação de compra para as ações da Equatorial (EQTL3) feita pelo Bank of America trouxe à tona uma análise detalhada das estratégias de crescimento da empresa e os possíveis cenários para seu futuro.
O relatório, assinado pelos analistas Arthur Pereira e Gustavo Faria, destaca o histórico sólido da Equatorial em alocações de capital e sua capacidade de realizar aquisições estratégicas que impulsionam o crescimento da empresa.
“Equatorial tem um longo histórico de aquisições ‘únicas’”, apontam os analistas.
Entre essas aquisições, destacam-se um projeto de transmissão de energia de R$ 5 bilhões com retornos sem precedentes, a compra de quatro ativos de distribuição de energia no valor total de aproximadamente R$ 10 bilhões, e mais recentemente, um investimento de R$ 7 bilhões para adquirir uma participação de 15% na Sabesp (SBSP3), a maior companhia de saneamento do Brasil.
Segundo o relatório, o investimento na Sabesp é “a mais recente evidência da expertise da Equatorial em alocação de capital, suportando opções de crescimento.”
Esse movimento estratégico, que tem o potencial de gerar mais de R$ 4 bilhões em valor presente líquido (NPV) com uma taxa interna de retorno real de 15%, foi um dos principais fatores que levaram o Bank of America a elevar o preço-alvo das ações da Equatorial de R$ 38 para R$ 41.
Bull ou Bear?
Apesar dos elogios à estratégia da Equatorial, os analistas também destacaram que “muitas partes móveis poderiam gerar visões divergentes de avaliação,” considerando especialmente as 13 diferentes operações da empresa. Para mitigar essas incertezas, o Bank of America realizou uma análise de sensibilidade em cada um dos ativos da Equatorial, apresentando cenários otimistas (bull) e pessimistas (bear) para seus principais investimentos.
No cenário base, o Bank of America projeta um retorno real de 10,5% para a Equatorial, com um múltiplo preço/lucro ajustado (P/E) de 13 vezes para 2025. Esse cenário assume que a Sabesp será precificada a R$ 115 por ação, sem aumentos nas regras de despesas operacionais (opex) e sem crescimento nos custos operacionais por unidade.
Por outro lado, no cenário otimista, os analistas estimam que a Equatorial poderia atingir um retorno real de 13,4%, com um múltiplo P/E de 11 vezes. Este cenário é baseado em uma precificação mais alta para as ações da Sabesp, em R$ 135, e um crescimento maior nos volumes de energia.
No entanto, o relatório também considera um cenário pessimista, onde o retorno real poderia cair para 8%, com um múltiplo P/E de 16 vezes. Esse cenário assume uma queda significativa no preço das ações da Sabesp, para R$ 76, e um aumento nos custos operacionais por unidade em Goiás e no Rio Grande do Sul, estados onde a Equatorial opera.
Os analistas também destacam que as divergências de avaliação frequentemente surgem nas aquisições mais recentes da Equatorial. Entre elas, estão a compra da Echoenergia, avaliada entre R$ 1 bilhão e R$ 4,2 bilhões, e da Celg, cujo valor poderia variar entre R$ 6 bilhões e R$ 11 bilhões.
Apesar dos riscos associados a essas aquisições, o Bank of America manteve sua recomendação de compra para as ações da Equatorial, citando o potencial de crescimento da empresa e sua capacidade de gerar retornos significativos para os acionistas. “Reiteramos nossa classificação de compra,” concluem Arthur Pereira e Gustavo Faria.