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Estagflação: Estagnação, Inflação e Desemprego

por Conrado Navarro
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Economia Geral - Conceitos e SoluçõesMarco comenta: “Navarro, tenho acompanhado o noticiário econômico por alguns dias e me deparo com muito ‘economês’, palavras que demoram a fazer sentido para mim. Penso sempre em você, no Dinheirama, e aqui estou eu para pedir uma forcinha com um termo que aparece sempre nos jornais: estagflação. O que significa, do ponto de vista do país, viver um momento de estagflação? No que isso muda nossa vida? Obrigado.”

Marco, obrigado pela visita. Se levarmos em conta a longa história da economia mundial[bb], vemos que o termo, criado nos anos 70, é bastante recente. Naquela época, com a alta expressiva do petróleo e de algumas commodities, surgia um cenário econômico sombrio: inflação e desemprego registrando altas, prejudicando o crescimento e desenvolvimento de muitos países. Dito isso, já é possível imaginar que viver um período com essas características não é algo confortável.

Adianto que é impossível tocar no assunto sem esbarrar em alguns conceitos técnicos e hipóteses. Vejamos o que podemos aprender com essa importante e perigosa figura econômica.

A definição, o problema!
Pois estagflação significa, apelando para a teoria econômica moderna, estagnação do crescimento (desenvolvimento econômico) em um cenário combinado com altas da inflação e do desemprego. Enfrentar períodos assim significa ter que gerenciar melhor a oferta de moeda, ao mesmo tempo em que se gerencia a carga fiscal e os juros. Um desafio muito difícil, já que criar emprego significa aumentar a oferta de crédito e diminuir os juros, enquanto baixar a inflação requer que a atitude seja exatamente oposta, com o objetivo de reduzir a circulação de capital.

Em suma, o grande problema consiste em enfrentar duas variáveis econômicas com efeitos potencialmente reversos. Deixando o ‘economês’ de lado, explico: em situação de alta dos preços, é inteligente desestimular, no âmbito fiscal e monetário, o avanço econômico (produtividade), subindo juros e impostos. Como você deve estar imaginando, isso diminui a circulação de dinheiro[bb] e a oferta de crédito no mercado, o que força os preços para baixo.

Diminuir o desemprego, por outro lado, requer que o governo crie melhores alternativas fiscais (tributos mais baratos), para pessoas físicas e jurídicas, e monetárias, de forma a diminuir o custo de capital (baixar a taxa básica de juros, ex. Selic) e aumentar a oferta de moeda. Essas atitudes aquecem a economia e aumentam a produtividade, o que permite que as empresas contratem.

Até agora vimos que a estagflação é algo potencialmente perigoso e que gerenciar fases deste tipo não é tarefa comumente documentada em livros-texto de economia. Confesso não estar muito confortável depois de expressar tantas palavras técnicas e teorias econômicas em tão poucas linhas, mas o objetivo do artigo é resumir a questão e colocá-la de forma mais simples e objetiva. Espero que você ainda esteja lendo.

O impacto, o dilema!
A influência da estagflação na vida dos cidadãos de um país é óbvia: a inflação corrói o poder de compra e o desemprego afeta radicalmente a estrutura sócio-econômica da população, bem como dos resultados do país. Preços altos, crescimento prejudicado e falta de postos de trabalho impedem que o país se mova de forma sustentável: vem a crise.

As ações tomadas por um governo diante desse cenário tendem a ser focadas em um dos dois aspectos envolvidos na questão. É preciso optar: a situação econômica da nação é analisada e os perigos da inflação e desemprego são confrontados. Qual das duas variáveis traz mais ameaças e(ou) pode ser mais prejudicial? Ambos os indicadores oferecem tendência de alta ou algum deles oferece perfil diferenciado, moderado? Perceba que, por muito tempo, vive-se um dilema.

Existe saída?
Aqui a questão pode alimentar ferozes debates entre as diferentes escolas econômicas. A frente keynesiana, originada a partir dos estudos de John Maynard Keynes, defende a interferência do Estado através de mais investimentos diretos (obras, infra-estrutura etc). O grupo que segue as conclusões do economista Josef Schumpeter recomenda estímulos microeconômicos, trabalhando oferta e demanda. Uwe Waldemar Rasmussen, professor da área econômica, conclui que:

“Na realidade, tanto os keynesianos como os schumpeterianos vivem da esperança de que os sindicatos dos trabalhadores, os executivos e os empresários consigam acordos voluntários para negociar uma política salarial e uma política de preços antiinflacionária como medidas corretivas – dentro de considerações bilaterais de custo/benefício que sejam viáveis a ambas as partes, para evitar medidas drásticas e impopulares por meio da interferência do Estado no mecanismo econômico, e que possam resultar em convulsão político-social”

Torcendo para que você, nobre leitor, ainda esteja por aqui, encerro o artigo. Não há uma saída única ou definitiva para a estagflação e sua presença nas economias mundiais, mais frequente nos últimos 15 anos, muitas vezes surge em decorrência de incoerências econômicas dos próprios orgãos econômicos do governo.

Os conceitos econômicos expressados no artigo podem assustá-lo, mas certamente irão enriquecer seu universo financeiro e, principalmente, facilitar a interpretação de algumas notícias encontradas por ai. Espero que tenha gostado. Até a próxima.

Crédito da foto para Marcio Eugenio.

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