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Eu sou o culpado dos meus problemas financeiros?

3 min leitura

Por Dany Rogers e Pablo Rogers.

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Os pesquisadores Thomas Richardson e Peter Elliott, da Universidade de Southampton, e Ronald Roberts, da Universidade de Kingston do Reino Unido, recentemente analisaram mais de 50 pesquisas.

Eles descobriram que o endividamento está relacionado com o estado clínico de saúde: tanto maior a quantidade de dívida, maior o nível de preocupação e estresse do indivíduo.

Para esses autores, as tensões emocionais, a perda da paz de espírito, a angústia e a insônia são alguns dos estados de saúde que podem ser originados pelo desequilíbrio financeiro.

E em um nível mais extremo, esses autores também relataram que problemas com dívidas estão associados ao alcoolismo, à dependência química, aos distúrbios neuróticos e psicológicos, à depressão e suicídios.

Então por que, normalmente, não nos preocupamos com a nossa educação financeira a fim de evitar que esses problemas de saúde ocorram? Tentaremos responder a vocês essa pergunta ao longo deste texto.

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A procrastinação e o “viés do presente”

Uma característica comum do indivíduo, e que acreditamos ser prejudiciais para o nosso bolso e para a nossa saúde, é que somos especialistas em procrastinar, isto é, adiar uma ação.

E, infelizmente, nossa atitude de procrastinar quando as situações exigem atitudes imediatas está presente em nossas decisões financeiras:

  • Protelamos para conhecer os nossos verdadeiros gastos, ainda que o nosso salário termine logo no início de todo mês;
  • Sempre deixamos para depois o nosso planejamento e controle financeiro, mesmo ficando no “vermelho” todo mês; e  
  • Utilizamos cartões de crédito e cheques especiais que estão facilmente disponíveis ao invés de negociar e resolver imediatamente as nossas dívidas.

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Esses comportamentos em relação ao nosso dinheiro podem ser explicados pelo chamado “viés do presente”.

Ele é caracterizado como a tendência de atribuirmos maior valor para recompensas mais próximas (do presente) do que para as nossas intenções futuras. Isso pode fazer com que esgotemos todas as nossas fontes de dinheiro e crédito para atendimento de desejos imediatos.

Esse imediatismo é um grande responsável por não termos uma boa educação financeira. Todavia, não podemos colocar toda a culpa nessa tendência.

Há vários outros vilões que nos impedem de termos um maior controle de nossas finanças, e é claro que não conseguiremos esgotar todos eles aqui. Mas vamos falar de mais alguns problemas que nos prejudicam financeiramente…

O excesso de autoconfiança e seus riscos

Nós, autores deste texto, realizamos uma pesquisa com mais de 120 executivos de uma das maiores empresas brasileiras da construção civil. Descobrimos que esses gestores são excessivamente confiantes em suas estimativas e bastante otimistas quanto ao seu futuro.

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Até aí tudo bem. Isso pode ser saudável. Contudo, autoconfiança excessiva e otimismo, muitas vezes irreal, podem nos causar diversos problemas financeiros, e é nesse ponto que precisamos de atenção.

O viés da autoconfiança excessiva faz com que confiemos demais em nossos conhecimentos e ideias, acreditando que nossas escolhas estão sempre corretas, o que pode nos levar a superestimar as nossas decisões.

Ao sermos enganados por esse viés, temos a tendência de acreditar, por exemplo, que nossos problemas financeiros ocorreram por fatores externos, como a crise atual ou a perda de emprego, e não pelas diversas decisões financeiras erradas que fizemos ao longo dos anos, como:

  • Não termos uma reserva financeira, pois acreditamos que nossa competência é indispensável à empresa em que trabalhamos e isso nos deixa livres de sermos demitidos e sem renda;
  • Superestimarmos nossas possibilidades de ganhos futuros e, assim, gastamos dinheiro que nunca aparece; etc.

E esse viés é ainda mais prejudicial ao nosso bolso quando acompanhado por um otimismo irreal: tendência de acreditarmos que apenas teremos coisas boas em nossas vidas e subestimarmos as chances de coisas ruins ocorrerem.

Isso, por exemplo, nos leva a acreditar que teremos sucesso em nossa vida profissional e, consequentemente, em nossa vida financeira.

Esse viés do otimismo pode fazer com que não acreditamos que sofreremos um acidente de carro após 2 dias de seguro vencido; ou que algum familiar terá um problema grave de saúde que despenderá bastante recursos financeiros.

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Conclusão

Se você se identificou com algumas situações comentadas neste texto, talvez esteja na hora de começar a questionar se realmente você é ou não o culpado pelos seus problemas financeiros e, consequentemente, pela deterioração de sua saúde física e mental. Pense nisso. Até a próxima!

Sobre os autores

Dany Rogers é doutor em Finanças pela Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (EAESP/FGV), professor da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal (FACIP) e coordenador do Núcleo de Educação Financeira (NEF) da Universidade Federal de Uberlândia.

Pablo Rogers é doutor em Finanças pela Universidade de São Paulo (USP), professor da Faculdade de Gestão e Negócios (FAGEN) da Universidade Federal de Uberlândia e pesquisador sobre Educação Financeira e Psicologia Econômica. Possui diversos artigos científicos sobre o tema. E-mail para contato: [email protected].

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