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Falta de chuva atrasa plantio em Mato Grosso

por Reuters
3 min leitura
Lavoura

A falta de chuvas no Estado do Mato Grosso forçou sojicultores a atrasar o plantio da oleaginosa em até 30 dias em algumas áreas, além de causar o cancelamento ou uma drástica redução na expectativa do cultivo do milho safrinha, que representa cerca de dois terços da produção nacional.

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Em depoimentos enviados à Reuters pela Aprosoja-MT, os produtores relatam preocupação com a falta de umidade para consolidar as lavouras, o que levou ao replantio em algumas fazendas, reduzindo o potencial produtivo da soja no maior exportador mundial.

Para Gilberto Peretti, produtor em Gaúcha do Norte, foram quase 30 dias de atraso em relação ao plantio da soja do ano passado. Ele disse que semeou pouco mais de 100 hectares, mas terá que replantar 30%.

“Vai haver uma queda grande na produção (de soja). Já perdeu o arranque, já perdeu o início. E o replantio nunca é igual”, comentou.

Em relação ao milho safrinha, plantado após a colheita da soja, ele afirmou: “Sem chance de plantar. Está muito tarde já”.

O Mato Grosso é o maior produtor de soja e milho do Brasil. Em previsão publicada no início da semana, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) manteve a estimativa da safra de soja do Estado em 43,78 milhões de toneladas, que já considera uma queda de 3,39% ante o recorde do ano anterior, mas fez um alerta sobre o clima.

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O órgão, que ainda reduziu ligeiramente a previsão da colheita da milho, deverá atualizar dados sobre o ritmo de plantio de soja nesta sexta-feira.

Oleonir Favarin, produtor de Santo Antônio do Leste, disse que o plantio está atrasado em torno de 20 dias em relação ao ciclo anterior. Ele diz ter replantado 120 hectares dos 300 que semeou mais cedo, antes do corte das chuvas.

“Aqui na minha área, depois que eu fiz o último plantio, ficou 20 dias sem chuva.”

Em relação ao milho do milho safrinha, Favarin afirmou que plantará apenas 30% do que normalmente cultiva devido ao risco climático.

Para o milho do Centro-Oeste, quanto mais tarde o plantio, mas arriscado fica, já que o tempo em geral torna-se mais seco quanto maior a proximidade do inverno, o que pode afetar o desenvolvimento das lavouras mais tardias.

Leonardo Marasca, agrônomo da fazenda do grupo Césio Lemos, disse que já havia sido plantado quase 5,2 mil hectares em Conquista do Oeste e Pontes em Lacerda até 1º de novembro do ano passado. Até 7 de novembro último, entretanto, o grupo não havia semeado um hectare sequer por causa da falta de chuvas.

O atraso no plantio da soja tornou “inviável” plantar o milho safrinha, afirmou Marasca.

“Hoje ficou definido dentro do grupo que a gente não vai ter condição para fazer o cultivo do milho safrinha. Os pedidos de semente que a gente tinha já foram cancelados. O impacto é muito grande.”

Céticos

A safra de soja do Brasil 2023/24 foi estimada na quinta-feira em recorde de 162,4 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com aumento de 400 mil toneladas em relação ao volume previsto no mês passado, apesar de preocupações climáticas.

O aumento da estimativa surpreendeu produtores, que se mostraram céticos quanto ao potencial produtivo em meio a preocupações com o clima, embora a soja seja vista como uma cultura resiliente.

Antonio Galvan, que é produtor em Mato Grosso e preside a Aprosoja Brasil, disse à Reuters na véspera que, se o país conseguir igualar o volume de soja produzido ano passado, “poderá levantar as mãos para o céu”. A produção na safra anterior, segundo a Conab, foi de 154,6 milhões de toneladas.

Galvan prevê perdas ainda maiores para o milho safrinha do que para a própria soja devido ao risco climático, uma vez que o cereal seria plantado fora da janela climática ideal.

Em Sorriso, capital mundial da soja, o produtor Ronan Poletto disse que o plantio da oleaginosa atrasou 12 dias em média por causa das chuvas irregulares.

Ele acredita em queda entre 12% e 15% na produção de soja em relação à média dos últimos cinco anos.

“Este ano, se a gente conseguir 55 sacas de soja numa média geral, seria um feito histórico. Ano passado a gente conseguiu 64.”

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