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FDA: Químicos em vapes podem ser mais potentes que nicotina

A FDA também regulamenta medicamentos, alimentos, cosméticos e outros para garantir a segurança e a eficácia

por Reuters
3 min leitura
(Imagem: Reprodução/Joédson Alves/Agência Brasil)

As alternativas à nicotina usadas em vapes lançados nos Estados Unidos e no exterior, como a 6-metil nicotina, podem ser mais potentes e viciantes do que a própria nicotina, embora os dados científicos permaneçam incompletos, de acordo com a Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla inglês) e pesquisadores independentes.

As substâncias sintéticas que têm uma estrutura química semelhante à da nicotina não estão sujeitas às regulamentações sobre tabaco e vapes dos EUA, criadas para controlar a nicotina tradicional, uma droga altamente viciante.

Isso significa que os fabricantes podem vender vapes contendo análogos sintéticos de nicotina, como a 6-metil nicotina, nos Estados Unidos sem solicitar autorização da FDA um processo que pode ser caro, demorado e, muitas vezes, sem sucesso.

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Grandes empresas de tabaco, como o Altria Group e a British American Tobacco, já perderam vendas substanciais nos EUA devido a um influxo de vapes descartáveis contendo nicotina tradicional que estão sendo vendidos ilegalmente sem a autorização da FDA.

A Altria, fabricante dos cigarros Marlboro nos Estados Unidos, destacou o uso crescente da 6-metil nicotina em vapes em uma carta enviada em 5 de abril à FDA, de acordo com uma cópia da correspondência publicada em seu site.

A carta pedia que a FDA enfrentasse o substancial mercado ilegal de vapes contendo nicotina.

“Esse problema agora está se espalhando”, disse a Altria na carta, destacando o surgimento de análogos de nicotina. Ela citou o SPREE BAR, um vape lançado em outubro pela Charlie’s Holdings Inc que usa 6-metil nicotina.

A FDA se recusou a comentar correspondências com empresas individuais.

Em resposta a perguntas da Reuters sobre a 6-metil nicotina e outras alternativas à nicotina, a FDA disse em um comunicado:

“Embora sejam necessárias mais pesquisas, alguns dados emergentes mostram que esses análogos da nicotina podem ser mais potentes do que a nicotina que já é altamente viciante, pode alterar o desenvolvimento do cérebro do adolescente e ter efeitos de longo prazo sobre a atenção, o aprendizado e a memória dos jovens”.

A nicotina tradicional encontrada em muitos vapes é extraída das folhas de tabaco. A 6-metil nicotina, por outro lado, é produzida inteiramente em laboratório com o uso de produtos químicos.

Cigarro Eletrônico
Cigarro Eletrônico (Imagem: Organização Mundial da Saúde)

A FDA disse que estava considerando o uso de tais compostos sintéticos a partir de uma “perspectiva de toda a agência” e que usaria todos os seus recursos para proteger os jovens de produtos que possam prejudicar sua saúde.

Além dos produtos de tabaco, a FDA também regulamenta medicamentos, alimentos, cosméticos e outros para garantir a segurança e a eficácia.

“A FDA é uma agência orientada por dados, e estamos no processo de revisão dos dados disponíveis para informar possíveis ações nesse espaço”, disse a agência em resposta a perguntas da Reuters.

Três pesquisadores acadêmicos disseram à Reuters que os estudos atuais sobre a 6-metil nicotina são muito limitados para tirar conclusões definitivas sobre o impacto na saúde ou até que ponto ela causa dependência.

Imad Damaj, professor do Departamento de Farmacologia e Toxicologia da Virginia Commonwealth University, disse que sua pesquisa demonstrou que a 6-metil nicotina pode ser mais potente do que a nicotina, mas que são necessários testes mais abrangentes para dizer qual o impacto que ela tem sobre os seres humanos.

As limitações da pesquisa existente incluíram o fato de que alguns trabalhos foram financiados pelo setor, enquanto outros se concentraram no impacto de curto prazo em animais ou células e foram insuficientes para entender os efeitos da 6-metil nicotina nos corpos humanos, disseram os pesquisadores.

A Charlie’s Holdings chama a solução de 6-metil nicotina usada no SPREE BAR de Metatine.

O site da SPREE BAR diz que a Metatine “pode ter um perfil de toxicidade semelhante ao da nicotina”.

A FDA ainda não aprovou nenhum vape aromatizado que utilize nicotina tradicional para venda nos Estados Unidos, dizendo que as empresas não conseguiram demonstrar que os benefícios à saúde que oferecem aos fumantes superam os riscos conhecidos para os jovens, que podem ser mais atraídos pelos sabores.

O cofundador da Charlie’s Holdings, Ryan Stump, disse à Reuters que a empresa tem como alvo apenas os adultos, acrescentando que os sabores desempenham um papel importante em sua missão de ajudar os fumantes a abandonar o cigarro.

Stump disse que a Charlie’s Holdings respeita e cumpre as leis em todos os mercados em que opera. Ele reconheceu que são necessárias mais pesquisas sobre a 6-metil nicotina, acrescentando que a empresa a dilui em seus produtos.

Sven Jordt, professor da Duke University, autor de artigos sobre produtos como o SPREE BAR, disse que a 6-metil nicotina pode ser mais viciante e tóxica do que sua prima tradicional.

“Queremos ter esse produto químico como um produto recreativo, disponível para qualquer pessoa?”, questionou.

Nem Jordt nem Damaj o professor da Virginia Commonwealth University receberam financiamento de fabricantes de tabaco ou de vapes.

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