A oferta gigantesca de títulos da dívida de curto prazo dos EUA (T-bills) por meio do Tesouro dos EUA, que aumentou em US$ 2 trilhões nos últimos 12 meses, elevou em muito a parcela da dívida total no período, causando tensões nos mercados monetários.
Enquanto as T-bills tem vencimento entre 4 semanas a até 52 semanas, os bonds têm prazo de 20 ou 30 anos, enquanto os notes vão de 2 a 10 anos, enquanto os TIPs são títulos que compensam os efeitos da inflação ajustando o valor do principal, com prazos de 5, 10 ou 30 anos.
Por que o rápido crescimento na oferta de T-bills é um problema?
Risco de “acidente”
“Porque um grande aumento na oferta requer um grande aumento na demanda. Aumentar a quantidade de T-bills em circulação enquanto o Federal Reserve, ao mesmo tempo, está fazendo o seu programa de aperto quantitativo (QT), aumenta o risco de um acidente nos mercados de financiamento, sendo o que vimos nos mercados de recompra em setembro de 2019”, lembra Torsten Sløk, economista-chefe da gestora Apollo em um relatório enviado a clientes nesta quinta-feira (4) e obtido pelo Dinheirama.
Em 17 de setembro de 2019, as taxas de juros sobre acordos de recompra overnight (ou “repos”), que são empréstimos de curto prazo entre instituições financeiras, experimentaram um pico repentino e inesperado, com o juro saltando de 2,43% no dia 16 para 5,25% no dia seguinte, sendo que as taxas chegaram a tocar os 10%. O Fed precisou realizar uma injeção emergencial de US$ 75 bilhões em liquidez no mercado naquele dia.
Em outras palavras, explica Sløk, o forte crescimento na oferta de T-bills exigirá um aumento contínuo na demanda de bancos, fundos do mercado monetário e dos investidores no geral.
“Se o Fed começar a cortar as taxas, digamos, em setembro, poderemos ver menor apetite por T-bills de investidores e fundos do mercado monetário, o que acabaria pressionando para cima as taxas curtas devido à grande oferta de T-bills não ser atendida por uma demanda forte semelhante”, opina.