“Não se espera que o Federal Reserve encerre seu erro de política hoje”, analisa o economista-chefe do UBS, Paul Donovan, em um relatório matinal enviado a clientes nesta quarta-feira (31).
Segundo ele, contudo, espera-se que um corte de taxa seja sinalizado para setembro.
“A política monetária tem se apertado progressivamente desde o início do ano passado. Para os poupadores, a desaceleração da inflação de preços aumentou as taxas de juros reais. Para os tomadores de empréstimos, a desaceleração do crescimento da renda familiar aumentou as taxas de juros reais”, opina.
Donovan entende que a pressão da política real se tornou cada vez mais onerosa à medida que a economia desacelerou.
Sem ancoragem
Para o economista, conhecido por seu posicionamento forte em relação aos bancos centrais, os mercados ainda não têm uma perspectiva confiável para a política monetária de médio prazo.
“’Dependência de dados’ parece uma estratégia sensata, mas em meio à turbulência estrutural econômica, o fluxo de dados de curto prazo não é confiável”, afirma.
Ele pondera que um exame mais amplo do papel da política monetária na mudança estrutural seria útil, mas é improvável que ele seja divulgado.
Fed e muito mais
No meio da tarde de quarta-feira sairá a decisão do Federal Reserve sobre juros e na sequência o chair da instituição, Jerome Powell, falará à imprensa.
A quarta-feira terá ainda a decisão do Banco do Japão aguardada com ansiedade pelo mercado de câmbio, já que a apreciação do iene nas últimas semanas tem servido de motivo para o avanço do dólar ante várias divisas de emergentes, como o real.
À noite será a vez de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anunciar sua decisão sobre a taxa básica Selic. Há um consenso no mercado de que a taxa será mantida em 10,50% ao ano, mas os agentes estarão atentos às indicações do BC para as próximas reuniões.