Os juros futuros fecharam em alta a sessão desta terça-feira, 15. O fôlego inicial de queda se esvaiu e as taxas voltaram a subir.
A correção ontem puxada pela informação sobre o pacote de contenção de gastos em estudo pela equipe econômica teve vida curta e o mercado agora parece querer ações efetivas do governo. Ao longo da sessão houve ainda uma piora no desenho da curva americana que ajudou a pesar sobre as taxas domésticas.
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O câmbio não ajudou, com o dólar rodando nos R$ 5,65, e o leilão de NTN-B com forte aumento do risco para o mercado também pesou.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 subiu de 12,55% ontem no ajuste para 12,64% (máxima), e a do DI para janeiro de 2027, de 12,66% para 12,77%, na máxima. O DI para janeiro de 2029, que ontem tinha ajuste a 12,63%, terminou em 12,77%.
Lá fora, o mercado de Treasuries voltou depois do feriado ontem nos EUA com taxas relativamente comportadas pela manhã. À tarde, o humor azedou com declarações do ex-presidente e candidato republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, afirmando que continuaria tentando influenciar das decisões do Federal Reserve se eleito.
Além disso, a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, defendeu redução gradual dos juros, sugerindo que o processo de distensão monetária nos EUA pode ser mais lento.
Com a aversão ao risco instalada, o fluxo das ações migrou para os títulos longos do Tesouro americano, que é o porto seguro dos mercados, e os rendimentos caíram, vitimando também moedas e ativos emergentes em geral.
O dólar, já pressionado pela queda das commodities de manhã, acelerou a alta ante o real e chegou aos R$ 5,66 no meio da tarde.
A piora externa ajudou a curva dos DIs a ganhar inclinação, com as taxas longas subindo em ritmo mais acentuado. O estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, afirma que, além da maior cautela no ambiente internacional, o mercado retomou o ceticismo sobre a capacidade da Fazenda de efetivamente entregar o corte de gastos necessário para estancar a trajetória de alta da dívida pública.
Ontem, a notícia de que um pacote de medidas de contenção de gastos seria apresentado após o segundo turno deu combustível para uma redução de prêmios na curva.
O Broadcast apurou que a Fazenda trabalha com duas possibilidades, a de um pacote mais amplo e outro mais restrito. Este último mira em ações que já estão em curso, sobretudo em despesas que já mostraram uma trajetória explosiva, como os benefícios sociais, previdenciários e o seguro-desemprego.
“A Fazenda até pode ter boas intenções, mas as medidas ainda têm de passar pelo crivo do presidente. Então, o mercado fica cético, pois Lula vem demonstrando preferência pelo lado mais fácil do ajuste fiscal, que é via aumento da arrecadação. A tendência é que, se aprovadas por ele, as medidas passem por alguma desidratação, tornando-se, assim, insuficiente para melhorar a trajetória da dívida”, avaliou Rostagno.
No fim da tarde, Tebet fez uma série de declarações sobre o pacote após reunir-se com o ministro Fernando Haddad, dizendo ter chegado a “hora de levar a sério revisão de gastos estrutural”.
“Não é possível apenas pela ótica da receita resolver problema fiscal”, afirmou. Ela não adiantou que medidas entrarão no pacote, mas confirmou que serão apresentadas a Lula e ao Congresso após as eleições.
O Tesouro vendeu 1,288 milhão de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B), ante oferta de 1,4 milhão, com risco 218,7% maior para o mercado ante o leilão da semana passada.
Os lotes de 500 mil e 750 mil dos papéis para 2029 e 2035 foram absorvidos integralmente, mas a instituição vendeu muito pouco (38.050) da oferta de 150 mil para 2060.
Segundo anotou o professor especialista em renda fixa Alexandre Cabral, em sua página no X, as taxas aceitas pelo Tesouro foram as maiores do ano para os três vencimentos e maiores do que a marcação da Anbima do dia.
“O Tesouro vendeu R$ 5,54 bilhões, maior do que a média de emissão do ano que é de R$ 3,71 bilhões. Com prêmio, tem comprador.”