A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2024 subiu de 4,39% para 4,50%, exatamente no teto da meta de inflação, revelou o Banco Central nesta segunda-feira (21). Um mês antes, ela estava em 4,35%. Considerando apenas as 102 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária passou de 4,45% para 4,54% – já acima do limite superior do alvo.
A mediana para a inflação de 2025 oscilou de 3,96% para 3,99%, mais próxima do teto, de 4,50%, do que do centro, de 3%. A partir do próximo ano, a meta será contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o Banco Central perderá a meta.
Considerando as projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para o IPCA de 2025 passou de 3,94% para 4,0%.
As medianas para os horizontes mais longos permaneceram descoladas da meta, em 3,60% para 2026 e 3,50% para 2027. O Comitê de Política Monetária (Copom) considera o primeiro trimestre de 2026 como horizonte relevante da política monetária, no cenário com a taxa Selic do Focus e dólar começando em R$ 5,60 e evoluindo conforme a paridade do poder de compra (PPC).
Também no cenário de referência, o Banco Central espera que o IPCA termine 2024 em 4,30% e desacelere a 3,70% em 2025.
Selic
A mediana do relatório Focus para a taxa Selic no fim de 2024 se manteve em 11,75% pela terceira semana consecutiva, consolidando a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentará os juros em 0,5 ponto porcentual nas duas próximas reuniões, de novembro e dezembro. A projeção para 2025 subiu de 11,0% para 11,25%, demonstrando que o mercado vê pouco espaço para um afrouxamento monetário ao longo do ano que vem.
Um mês atrás, a estimativa intermediária para 2024 estava em 11,50%. Considerando apenas as 81 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, ela se manteve em 11,75% entre a edição anterior do Focus e o relatório divulgado hoje. A projeção para a Selic no fim de 2025 estava em 10,50% quatro semanas atrás. Levando em conta as 80 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, ela passou de 10,75% para 11,25%.
A mediana para os juros no fim de 2026 continuou em 9,50%, como está há oito semanas. A projeção para o fim de 2027 seguiu em 9,0%, estável há 22 semanas.
PIB
A mediana do relatório Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 oscilou para cima pela segunda semana seguida, de 3,01% para 3,05%. Um mês antes, ela era de 3,00%. Considerando apenas as 64 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa passou de 3,07% para 3,04%.
A estimativa intermediária para 2025 se manteve em 1,93%, estável há duas semanas, apesar da expectativa de um ciclo maior de aumento de juros – que, tudo mais constante, deveria ter impacto na atividade. Um mês antes, a projeção era de 1,90%. Considerando apenas as 62 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana passou de 1,94% no Focus anterior para 1,93% agora.
Os economistas do mercado não alteraram as projeções de crescimento da economia em 2026 e 2027. Ambas permaneceram em 2,0%, como já estão há 63 e 65 semanas, respectivamente.
O Banco Central e o Ministério da Fazenda esperam que o PIB brasileiro cresça 3,20% este ano.
Inflação suavizada
A mediana do relatório Focus para a inflação suavizada dos próximos 12 meses subiu de 3,96% para 4,01%. Um mês atrás, era de 4,04%. Essa medida ganhou importância nas análises do mercado após a regulamentação da meta de inflação contínua, que valerá a partir de 2025.
O novo regime prevê que o cumprimento da meta seja apurado com base na inflação acumulada em 12 meses. Se a taxa ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o Banco Central terá descumprido o alvo.
A meta continua tendo como centro 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Ela pode ser alterada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), por iniciativa do ministro da Fazenda, mas é necessário aguardar um prazo de 36 meses para que uma mudança tenha efeito.
As medianas de inflação de curto prazo do relatório Focus indicam que o IPCA deve acumular alta de 1,17% no quarto trimestre deste ano – acima das projeções do relatório anterior, que indicavam 1,07%. A estimativa intermediária para a inflação de outubro subiu de 0,40% para 0,49%, a quarta alta seguida. A mediana para novembro ficou estável, em 0,20%. Para dezembro, subiu de 0,47% para 0,48%.
Dólar
A mediana do relatório Focus para o dólar no fim de 2024 subiu de R$ 5,40 para R$ 5,42, interrompendo uma sequência de três semanas de estabilidade. A estimativa intermediária para 2025 se manteve em R$ 5,40 pela segunda semana consecutiva, contra R$ 5,35 quatro semanas atrás.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Déficit primário
A mediana do relatório Focus continuou indicando déficit primário de 0,60% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, estável há sete semanas e ainda distante da meta do governo, de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto porcentual para mais ou para menos. O Executivo espera obter um resultado negativo de R$ 28,8 bilhões este ano, em linha com o piso do alvo.
A estimativa intermediária para o déficit primário de 2025 oscilou de 0,73% para 0,70% do PIB, ainda fora da meta do ano que vem, que também é de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto. Um mês antes, o mercado esperava um déficit de 0,74% do PIB no ano que vem.
A estimativa intermediária do Focus para o déficit nominal de 2024 passou de 7,78% para 7,76% do PIB, contra 7,79% do PIB um mês atrás. A mediana para o rombo de 2025 cedeu de 7,30% para 7,15% do PIB. Há quatro semanas, estava em 7,20%.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.
A mediana para a dívida líquida do setor público como proporção do PIB em 2024 continuou em 63,50%, o mesmo nível das últimas cinco semanas. A estimativa intermediária para 2025 subiu de 66,50% para 66,68% do PIB, após três semanas de estabilidade.
Déficit em conta corrente
A mediana do relatório Focus para o déficit em conta corrente do Brasil em 2024 aumentou de US$ 42,0 bilhões para US$ 43,50 bilhões. Um mês antes, era de US$ 39,0 bilhões. A estimativa intermediária para 2025 passou de US$ 44,50 bilhões para US$ 45,0 bilhões. Quatro semanas atrás, era de US$ 43,60 bilhões.
Os números do Focus indicam que o déficit em conta corrente continuará sendo financiado com folga pela entrada líquida de Investimento Direto no País (IDP). A mediana para 2024 passou de US$ 70,50 bilhões para US$ 72,0 bilhões. Um mês antes, era de US$ 70,75 bilhões.
A estimativa intermediária para 2025 sugere entrada de US$ 74,0 bilhões em IDP, contra US$ 73,0 bilhões na edição anterior do relatório e quatro semanas antes.
A mediana para o superávit comercial deste ano oscilou para baixo pela terceira semana consecutiva, de US$ 80,0 bilhões para US$ 78,0 bilhões. Um mês atrás, estava em US$ 81,0 bilhões. Para o ano que vem, a estimativa intermediária passou de US$ 76,06 bilhões para US$ 76,09 bilhões, contra US$ 76,29 bilhões um mês antes.
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(Com Estadão Conteúdo)