O Brasil, anfitrião da cúpula do G20 deste ano, tem consolidado sua posição como uma força geopolítica crescente no cenário global. A Franklin Templeton, uma das maiores gestoras de investimentos do mundo, avalia em um relatório divulgado nesta semana o papel do país e suas ambições econômicas, destacando seu crescente protagonismo nas discussões de cooperação internacional e para que será o único país do mundo a fazer parte, ao mesmo tempo, do G20, Brics e da OCDE (caso aprovado).
De acordo com Dina Ting, Chefe de Gestão de Portfólios de Índice Global da gestora, a ascensão do Brasil vai além das imagens conhecidas de praias ensolaradas e carnaval. O país está prestes a desempenhar um papel crucial em uma série de eventos globais importantes, com implicações que podem ressoar no futuro econômico e político do Brasil.
Cenário econômico
Ao sediar pela primeira vez a cúpula do G20, o Brasil se posiciona no centro das atenções globais, destacando-se entre as principais economias do mundo. O G20, que inclui países como Estados Unidos, China, Índia e a União Europeia, representa cerca de 80% do PIB global e 75% do comércio internacional. Essa posição coloca o Brasil em uma vitrine de influência, permitindo ao país liderar discussões sobre temas importantes para o Sul Global, como a luta contra a fome, a pobreza e a desigualdade, além de questões ligadas ao desenvolvimento sustentável.
A gestora Franklin Templeton observa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem trabalhado ativamente para aumentar o peso do Brasil nas discussões internacionais desde que assumiu seu terceiro mandato. A pesquisa recente do Pew Research indica que a maioria dos brasileiros vê com otimismo o aumento da influência global do país, sugerindo que as iniciativas de Lula estão surtindo efeito.
OCDE
Além do G20, o Brasil se prepara para sediar outros eventos internacionais importantes, como a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) e a cúpula do Brics em 2025. Esses eventos colocam o Brasil em uma posição única de influência geopolítica, já que o país também busca adesão à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Caso seja aceito, após começar a ser considerado em 2022, o Brasil se tornará o único membro do G20, BRICS e OCDE simultaneamente, o que lhe conferiria uma posição estratégica tanto em economias emergentes quanto desenvolvidas.
Oportunidades
A Franklin Templeton destaca o setor financeiro do Brasil como um dos mais promissores, com cerca de 36% de peso no mercado. A inovação no setor bancário, como o sistema de pagamentos instantâneos Pix, é vista como um motor de inclusão financeira, ampliando o acesso aos serviços bancários de 70% para mais de 84% da população.
No entanto, a gestora ressalta preocupações em relação aos altos gastos do governo e às políticas monetárias. Apesar da tendência global de queda nas taxas de juros, o Brasil aumentou suas taxas em setembro, visando conter pressões inflacionárias. Mesmo assim, a Franklin Templeton vê oportunidades atrativas para investidores, especialmente com a recente reforma do imposto sobre valor agregado (IVA), que pode impulsionar o setor privado e facilitar investimentos.
Futuro promissor
Olhando para o futuro, a Franklin Templeton acredita que o Brasil continuará a atrair investidores globais, especialmente com a esperada valorização do real e o ambiente de negócios em expansão. A realização da Copa do Mundo Feminina em 2027, pela primeira vez na América do Sul, promete ser mais um impulso econômico para o país, reforçando ainda mais sua presença internacional.
Assim, para a Franklin Templeton, o Brasil está se posicionando de forma estratégica para moldar o futuro da cooperação econômica global, com uma combinação de crescimento doméstico, inovação financeira e ambições globais que o tornam um destino atraente para investimentos internacionais.