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Gêmeas inconfundíveis: Ana Eficiência e Júlia Eficácia

por Alex Arcanjo
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texto-alex-postEssa é a história de duas irmãs gêmeas idênticas. Na verdade, parecidas, porém diferentes. Era comum as pessoas confundi-las. Até mesmo o pai, João, um empresário muito respeitado, se embaralhava com as meninas vez por outra. No entanto, era só conhecê-las um pouquinho melhor que ficava clara a diferença entre elas.

Ana Eficiência parecia usar apenas o lado esquerdo do cérebro. Ela era campeã em matemática e português, pois tinha grande habilidade com a lógica e as palavras. Ela era muito específica em sua comunicação, gostava de detalhes e apreciava pensar por partes.

Para ela, era natural fazer uma análise, tudo tinha explicação, e sem perceber fazia isso até com pessoas (o que rendia-lhe alguns poucos amigos). Mas amigos de verdade são poucos mesmo. Quando clientes se comunicavam com ela sem usar uma sequência lógica de raciocínio, ela se incomodava.

Era uma pessoa objetiva, com metas e muito focada em ser produtiva, afinal, dizia ela: “Tempo é dinheiro”. Ana costumava ser reconhecida com louvores por suas competências administrativas porque se posicionava com firmeza em relação às suas metas.

Júlia Eficácia, por outro lado, parecia apenas usar o lado direito do cérebro. Era campeã nos relacionamentos, pois tinha facilidade para guardar a imagem e semblante das pessoas. Ela era rodeada de amigos por isso. Sua visão era sempre ampla, gostava de olhar pelo prisma do todo.

Tinha muita facilidade para trabalhar em equipe porque conseguia sintetizar tudo de forma simples e suas reuniões eram muito produtivas exatamente por saber unir todos em função de um propósito. Ela se aborrecia quando alguém exigia velocidade enquanto estava introspectiva recebendo insights e criando novas possibilidades de direção. Pensava holisticamente, simultaneamente.

As gêmeas trabalhavam na empresa da família e, de vez em quando, o pai se encontrava num dilema: ele lutava para não criar e nem favorecer um clima de competição. João era um homem experiente e sabia que tinha filhas especiais. Ele as via como uma esfera que se completava, tipo o yin e yang. Ele se identificava muito com a palavra equilíbrio.

Os dias se passaram e chegou o momento em que João haveria de dar um feedback às suas filhas. Era final de ano e elas não sabiam que o próximo seria o último da carreira de seu pai. Sem contar a elas, o pai decidira se aposentar da empresa para abraçar outra causa.

Mas, para encerrar sua trajetória e se certificar que seu legado permaneceria com elas, decidiu fazer diferente. No final de dezembro chamou as duas filhas para um feedback duplo. Ana Eficiência, que era Gerente Administrativa, de Operações e Finanças e Júlia Eficácia, que era Gerente Comercial, de Marketing e Recursos Humanos receberiam o feedback juntas.

Ana não gostou muito da ideia. Julia a viu com bons olhos. João decidiu compartilhar suas percepções a respeito delas de forma natural, e fez isso com muito amor. Em alguns momentos, segurou a lágrima nos olhos. Era a sua despedida, mas elas nem imaginavam.

João começou com Julia Eficácia e compartilhou as seguintes impressões, olhando direto em seus olhos, frente a frente, enquanto a irmã apenas observava lateralmente na mesma mesa de reunião:

“Júlia Eficácia, você faz jus a seu nome. Sempre teve facilidade para trabalhar com as pessoas. Observo pelos corredores os bons comentários sobre sua liderança. Creio que é resultado de sua espontaneidade, estando sempre pronta para aprender com o acaso. Você sempre deu liberdade para sua equipe trabalhar, para gerar novas ideias, às vezes eu tinha a impressão que seu departamento não necessitava de supervisão. Mesmo viajando, você parecia estar lá, é impressionante a sua capacidade de fortalecer a equipe ainda que esteja ausente e/ou distante”.

Julia ficou com um nó na garganta. João era um pai generoso, mas firme. Ela não esperava por tudo aquilo, e o pai continuou:

“Além disso, você sempre estava se reinventando, tenho a sensação de que essa não é mais a empresa que fundei quando vocês ainda eram bebês. Ela foi reconstruída e restaurada por você. Corremos riscos por causa de suas decisões, você sempre quis investir. Ora ganhamos, ora perdemos, mas sempre investimos. Você sempre agiu assim porque acredita que a vida deve ser vivida dentro de princípios corretos e você se posicionava como se todos fossem de caráter. Você nunca tratou as pessoas como eram, mas como deveriam ser. Extraiu o melhor delas”.

Ana Eficiência olhou no relógio. João, sempre astuto e prudente, percebeu a impaciência da filha ao lado e disse: “Por favor, mais alguns instantes filha”. Ana acenou um “Sim” com a cabeça, mas manteve os braços cruzados. Talvez estivesse preocupada, ou mesmo pensativa sobre o que o pai diria dela. A opinião dele importava demais para ela. Depois de sorrisos trocados, João retornou a Júlia.

“Julia, sempre confiei, confio e confiarei em seu discernimento para fazer as transformações necessárias nesta empresa. Você sempre fez a coisa certa, mesmo quando isso significava perder algum dinheiro. Seu caráter é de raízes profundas. Você sempre foi uma bússola para os colaboradores dessa empresa, esclarecendo o propósito da equipe, dando-lhes uma visão do que deveria ser feito. Sinto-me afortunado por ser seu pai e por acompanhar seu progresso”.

Uma lágrima descera suavemente pela face de Julia, que parecia estar mais que grata. O ar de despedida ficou no ar. Seu pai gentilmente pediu que trocasse de lugar com Ana, que era cinco minutos mais nova que a irmã. Coisas de gêmeos.

“Ana Eficiência, você faz jus ao seu nome. Por suas competências, essa empresa floresceu. Deixamos de ser uma microempresa para ser uma multinacional. Você sempre levou muito a sério as coisas, principalmente os detalhes. Você estruturou cada ideia gerada por mim e por nossos clientes com precisão. Essa satisfação trouxe outros clientes e mais recursos. Crescemos por sua causa. Você foi efetiva no controle dos resultados. Sempre foi justa em suas decisões porque deixava delineada a descrição de trabalho para todos que estavam contigo”.

Neste momento, Ana descruza os braços e percebe nos olhos do pai algo diferente. O que se passava em sua mente? João continuou:

“Não conheço ninguém no planeta que tenha maior capacidade de fazer mais com menos, ou seja, de evitar despesas desnecessárias e executar o projeto com recursos que para muitos seriam insuficientes. Você fez milagres por aqui. Além disso, creio que poderia escrever um livro sobre técnicas de eficiência, afinal, você chegou a ser consultora de alguns fornecedores ao solucionar os problemas deles de modo que nossa produção não parasse”.

João falava da filha com orgulho e parecia ter muito ainda a falar:

“Sempre que transitamos para novos patamares fiscais e jurídicos, você deu conta da mudança. Para muitos, mudança gera desespero, mas você parece estar sempre em terreno conhecido; e o melhor, você se diverte com isso. Sempre firme, mas divertida. Mediu incansavelmente nossos indicadores a fim de que tomássemos decisões adequadas. Nosso placar visível para toda empresa foi ideia sua. Todos se sentem envolvidos agora. Nossas decisões teriam sido apenas emocionais não fosse pela razão demonstrada por suas planilhas. Velocidade é seu prazer. Resultado é sua satisfação. Metodologia é sua própria maneira de lidar com a vida. Sua praticidade facilitou o bem estar de todos que estão de alguma forma conectados com essa empresa. Sinto-me afortunado por ser seu pai e por acompanhar seu progresso”.

João pediu para que Julia e Ana ficassem lado a lado à sua frente e disse: “Hoje, sinto-me com o dever cumprido. Vocês tinham tudo para tornarem-se competitivas, mas pelo contrário, usaram de cooperação. Criaram sinergia e hoje me despeço de vocês na hierarquia da empresa com a convicção de que juntas vocês são mais. Mas antes de sair, gostaria de deixar um presente com vocês”.

João colocou a mão no bolso, tirou dois objetos dourados, e colocou-os sobre a mesa, na frente de suas “meninas”. E completou:

“Julia Eficácia, você é essa bússola. Para mim, significa princípio, direção, proposito, ajuda a escolher o certo. Ana Eficiência, você é esse relógio. Para mim, significa técnica, velocidade, método, ajuda a escolher o modo certo de fazer as coisas. Esses instrumentos são muito importantes e se complementam. É meu último presente a vocês. Vemo-nos no almoço de domingo”.

Assim João se despediu e saiu da empresa, sereno e tranquilo, e deixou as gêmeas na sala para conversarem. Juntas, elas perceberam que eram como os dois hemisférios do cérebro. E que, juntas, encontraram a linha tênue que conecta essas duas porções que transformam qualquer indivíduo em um grande mestre.

Então decidiram trocar seus presentes, para que cada uma pudesse lembrar sempre dos ensinamentos do pai, da importância de cada uma delas e da necessidade de se aprimorar.

A partir de então, Julia e Ana iriam aprender e desaprender uma com a outra, de modo que um dia fossem ambas eficazes e eficientes, afinal, precisariam treinar a irmã mais nova, Juliana.

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