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Gilberto Gil homenageia Londres, sua terra no exílio, em show alegre

Gil, natural de Salvador, na Bahia, partiu para o exílio em Londres em 1969 com seu amigo e colega músico Caetano Veloso

por Reuters
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(Imagem: Reprodução/Facebook/Gilberto Gil)

Gilberto Gil, querida referência da música brasileira, despediu-se de Londres na noite de quarta-feira, tocando músicas de sua carreira e relembrando os três anos que passou exilado na cidade enquanto sua terra natal estava sob a ditadura militar.

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“Não fui morto. Tive sorte. Foi por isso que vim para Londres”, disse ele ao público no Royal Albert Hall. Foi uma cidade que ele “aprendeu a amar”, disse.

Agora com 81 anos, Gil ainda parecia alegre, vestido com uma jaqueta Nehru azul, calça cinza e sandálias, embora seu outrora resplandecente estilo de cabelo afro tenha dado lugar há muito tempo ao cabelo curto grisalho.

Subindo ao palco, ele começou com uma favorita dos fãs, “Expresso 2222”. Os milhares de brasileiros que lotavam o venerável local dançaram e cantaram junto enquanto ele tocava seus sambas influenciados pelo rock.

Ele apresentou “Ladeira da Preguica” dizendo: “esta é uma música que escrevi em Londres enquanto estava com saudades da minha terra natal.”

Gil, natural de Salvador, na Bahia, partiu para o exílio em Londres em 1969 com seu amigo e colega músico Caetano Veloso, enquanto o Brasil estava sob o domínio de uma ditadura militar repressiva.

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(Imagem: Reprodução/Facebook/Gilberto Gil)
(Imagem: Reprodução/Facebook/Gilberto Gil)

Os dois ajudaram a fundar o movimento cultural da Tropicália, misturando samba e bossa nova com estilos africanos e rock norte-americano e britânico.

A junta militar considerou-os subversivos e prendeu-os, detendo-os durante nove meses antes de os forçar a escolher o exílio ou a prisão.

Veloso estava infeliz, mas Gil, estabelecendo-se em Notting Hill Gate, mergulhou na vida londrina. Ele ajudou a organizar o primeiro festival de Glastonbury e tocou com músicos como Pink Floyd.

Ele também absorveu a cultura das Índias Ocidentais e o reggae que vinha de sua vizinhança, ouvindo Bob Marley e outros.

“Eu costumava comer comida jamaicana no Mangrove”, disse Gil ao público, referindo-se a um famoso café em Notting Hill Gate.

Mostrando essas influências, tocou uma versão reggae do clássico da bossa nova “Garota de Ipanema”, depois cantou “No Woman No Cry” de Bob Marley, com letra em português.

Apresentando “Cérebro Eletrônico”, ele falou sobre a ditadura e as torturas, desaparecimentos e assassinatos.

Gil retornou ao Brasil em 1972 e se tornou uma estrela global e uma figura nacional reverenciada. Foi inclusive ministro da Cultura de 2003 a 2008 no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O show terminou como uma festa de Carnaval, com fãs cantando “Aquele Abraço”, sua canção de amor ao Rio de Janeiro e hoje um hino nacional virtual, e “Toda Menina Baiana”, sua homenagem às mulheres de seu estado natal.

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