O setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ 6,620 bilhões em novembro, após um superávit de R$ 36,883 bilhões em outubro, conforme dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira (30).
A análise do Goldman Sachs, liderada pelo economista-chefe para América Latina, Alberto Ramos, destaca que o resultado está alinhado ao consenso, mas reforça preocupações com o descontrole fiscal e os impactos macroeconômicos.
Segundo Ramos, “a postura fiscal expansionista e a relutância em controlar gastos estão minando a credibilidade das metas fiscais e contribuindo para o superaquecimento da economia.”
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Veja o que disse o Goldman sobre o Brasil
• Déficit fiscal atinge 1,65% do PIB em 12 meses. No acumulado, o déficit primário consolidado alcança 1,65% do PIB, com o Governo Central registrando R$ 200 bilhões negativos, equivalente a 1,71% do PIB. “Isso ocorre apesar de um crescimento real acima do esperado e da depreciação do real em 2024”, aponta Ramos.
• Déficit geral se amplia para 9,5% do PIB. O déficit fiscal geral, que inclui juros líquidos, subiu de 7,8% para 9,5% do PIB em um ano. Ramos enfatiza que “a expansão pró-cíclica das despesas públicas está agravando o cenário fiscal, aumentando os riscos econômicos.”
• Dívida bruta segue em trajetória ascendente. A dívida pública bruta alcançou 77,7% do PIB, uma alta de 3,9 pontos percentuais em 12 meses. “Para reverter essa dinâmica, seriam necessários superávits primários estruturais acima de 2% do PIB, algo improvável no curto prazo”, avalia o economista.
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• Pressões inflacionárias e aumento de juros. A falta de uma âncora fiscal confiável elevou os prêmios de risco, deteriorando as expectativas de inflação e pressionando o Banco Central a adotar uma política monetária mais restritiva. “Essa postura se tornou necessária diante do aquecimento econômico excessivo”, afirma Ramos.
• Projeção de déficits futuros e desafios estruturais. Ramos projeta déficits primários contínuos e crescimento da dívida nos próximos anos. “Estabilizar a dívida e criar amortecedores fiscais são desafios macroeconômicos fundamentais”, destaca. Ele acrescenta que tais medidas poderiam reduzir a taxa de juros real neutra, mas requerem uma agenda fiscal robusta.
• Credibilidade fiscal e sustentabilidade a longo prazo. O Goldman Sachs conclui que o atual cenário demanda reformas fiscais estruturais para recuperar a confiança e estabilizar a economia. “Sem mudanças significativas, as metas fiscais continuarão distantes, ampliando os desafios econômicos do Brasil”, alerta Ramos.