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Governo Federal reforça oposição à PEC de privatização de praias

O domínio da União sobre a costa marítima é estratégico para garantir os objetivos de desenvolvimento econômico, social e ambiental do país

por Agência Gov
Controle da União garante soberania e manutenção de serviços úteis a toda a população

Nas últimas semanas, intensificou-se o debate público sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2022, que visa modificar a Constituição Federal, estabelecendo novas diretrizes para a propriedade e gestão dos terrenos de marinha

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O debate começou com uma audiência pública no Senado para debater a PEC, em que a Secretaria de Patrimônio da União do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos se posicionou contra a proposta.

Leia abaixo os principais pontos para entender o que está em debate e a importância de o Governo Federal permanecer como gestor dessas áreas, garantindo que elas sejam usadas de forma justa e sustentável , em benefício da população.

O que são terrenos de marinha?

Os terreno s de marinha fazem parte dos bens da União , que são patrimônio do povo brasileiro. Esses bens são administrados pelo Governo Federal, por meio da Secretaria do Patrimônio da União do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI ). 

A demarcação e administração desses terrenos pelo Governo Federal são fundamentais para a proteção ambiental dessas áreas e para garantir a segurança jurídica e uma gestão adequada dos bens da União .

Os terrenos de marinha são faixas de terra ao longo da costa e de algumas áreas próximas a rios e lagos.  Essa faixa tem 33 metros contados a partir do mar em direção ao continente ou ao interior das ilhas costeiras com sede de município.

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Além das áreas ao longo da costa, também são demarcadas as margens de rios e lagoas que sofrem influência de marés. 

A referência para essa demarcação não é a configuração do mar como se encontra hoje, mas sim a Linha do Preamar Média (LPM), que considera as marés máximas do ano de 1831 , conforme determina o Decreto-Lei nº 9.760, de 1946.

Por que essas áreas são geridas pelo Governo Federal?

O domínio da União sobre a costa marítima é estratégico para garantir os objetivos de desenvolvimento econômico, social e ambiental do país.

Na faixa costeira localizam-se ecossistemas de alta relevância ambiental (áreas de manguezal, restinga, apicum, por exemplo) , que são fundamentais para a prevenção de riscos e medidas de adaptação às mudanças climáticas. 

Além disso, há nesses locais povos e comunidades tradicionais que dependem desse ecossistema para subsistências.

Nessas áreas, desenvolvem-se também atividades como os portos públicos e privados, usinas eólicas (geração de energia) , indústrias de petróleo e gás, pesca industrial e artesanal, infraestruturas críticas e estratégicas (cabeamento de internet, por exemplo) , empreendimentos imobiliários e complexos turísticos. 

Controle da União garante soberania e manutenção de serviços úteis a toda a população
Controle da União garante soberania e manutenção de serviços úteis a toda a população (Imagem: Riotur)

Desse modo, a gestão dos terrenos de marinha pela União é essencial para a soberania nacional , pois é o domínio do Governo Federal que garante a proteção estratégica desse conjunto de áreas que s ã o essenciais para a defesa e para o desenvolvimento econômico no Brasil .

Por que o Governo Federal é contrário à PEC 3?

O Governo Federal se posiciona contrário à PEC 3 , pois caso aprovada, ela revogaria um trecho da Constituição, que prevê a propriedade exclusiva dos terrenos de Marinha para a União.

A PEC autorizaria a transferência dessas áreas para Estados , municípios e particulares ( dependendo de sua utilização e ocupação prévia ).

Essa medida impactaria diretamente a proteção das áreas costeiras e a forma como estas são ocupadas pela população. A aprovação da PEC da forma que está traria diversos riscos, como especulação imobiliária, impactos ambientais descontrolados, perda de receitas para a União e insegurança jurídica. 

Também haveria consequências negativas para as comunidades locais .

Além disso, a proposta pode gerar uma dificuldade de acesso da população às praias, já que ela favorece a especulação imobiliária e o interesse de um conjunto de empreendimentos costeiros que podem se estender sobre essas áreas . 

As comunidades pesqueiras também podem ser afetadas, pois precisam desses acessos para a sua produção, para a sua subsistência, fora os impactos que isso vai ter para os ecossistemas locais.

Outro ponto negativo da PEC é que ela extingue esse conceito da faixa de segurança e permite a alienação, a transferência do domínio pleno nessas áreas em que é importante para o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro que sejam mantidas.

Isso acaba favorecendo essa ocupação desordenada, ameaçando os ecossistemas brasileiros, tornando esses territórios mais vulneráveis aos eventos climáticos extemos.

A aprovação da PEC poderia intensificar a construção de imóveis nas margens e praias de rios, áreas já visadas pela construção civil e pelo turismo.

Isso facilitaria negociações desiguais entre megaempresários e comunidades tradicionais, exacerbando conflitos fundiários.

A transferência de ocupações não cadastradas pela União também traria insegurança jurídica , gerando conflitos de propriedade.

A gestão dos terrenos de marinha tem papel fundamental na prevenção de riscos, na manutenção do equilíbrio do meio ambiente e da questão climática.

Desproteger essas áreas, como sugerido na PEC, que retira a gestão dessas áreas do Governo Federal, seria ir na contramão do que vários países têm feito de proteger essas regiões, de limitar o uso, de exercer soberania.

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