Home EconomiaBrasil Há risco de ‘elisão fiscal’ em novo imposto de renda, diz Itaú

Há risco de ‘elisão fiscal’ em novo imposto de renda, diz Itaú

Pacote fiscal anunciado pelo governo não atinge o corte de despesas necessário para cumprir o limite do arcabouço fiscal até 2026

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Impostos, Imposto, Finanças, Fiscal

O Itaú avalia que a não aprovação do pacote fiscal em 2024 pode agravar a percepção de risco fiscal no Brasil, mostra um relatório enviado a clientes nesta quarta-feira (11). A proposta atual é considerada insuficiente para cumprir os limites do arcabouço fiscal até 2026, exigindo ajustes adicionais nos próximos anos. Além disso, o banco cita o risco de “elisão fiscal” na mudança do imposto de renda, que terá uma taxação maior para rendas mais elevadas.

O que diz a análise

O pacote fiscal apresenta limitações importantes. Embora positivo em algumas medidas, o pacote fiscal anunciado pelo governo não atinge o corte de despesas necessário para cumprir o limite do arcabouço fiscal até 2026. A economia prevista de R$ 32 bilhões em 2026 fica abaixo da meta de R$ 37 bilhões.

Propostas carecem de impacto estrutural. O PLP 210-24 e a PEC 45-24 oferecem maior flexibilidade orçamentária, mas geram poucos cortes efetivos de despesas. A desvinculação de superávit de fundos, por exemplo, pode direcionar R$ 26 bilhões ao BNDES, aumentando os estímulos fiscais em um cenário de economia aquecida.

Isenção de imposto de renda e a elisão fiscal. O custo da ampliação da isenção do imposto de renda para R$ 5 mil mensais é estimado em R$ 38 bilhões. A medida depende de compensações como a taxação de rendas altas, mas ainda enfrenta riscos de elisão fiscal e entraves no Congresso. Elisão fiscal refere-se ao uso de meios legais para reduzir ou evitar o pagamento de tributos. Isso é feito por meio de estratégias que aproveitam brechas na legislação tributária, sem violar a lei. Por exemplo, no caso do imposto de renda, um contribuinte pode reorganizar suas fontes de receita ou investimentos de forma a reduzir a base tributável.

Relevância da aprovação no curto prazo. O pacote fiscal deve ser votado ainda em 2024, mas a falta de um acordo entre Executivo e Legislativo pode atrasar as reformas tributária e da renda, essenciais para viabilizar o cumprimento das metas fiscais no médio prazo.

Risco fiscal segue elevado. Mesmo com medidas positivas, o Itaú destaca a necessidade de maior disciplina fiscal e de reformas estruturais para evitar uma deterioração ainda maior da percepção de risco, com impactos negativos potenciais sobre a economia e a inflação.

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