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Há uma bolha financeira em ações e Bitcoin, alerta Richard Bernstein

Bolha foi inflada pela combinação entre o hype da inteligência artificial e a liquidez criada na pandemia que não foi absorvida pela economia

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Bolha

Os mercados de ações globais vivem uma bolha financeira alimentada pelo “futuro emocionante da inteligência artificial (IA)” que pode resultar em uma década perdida para as ações, similar à vista após o estouro da “bolha das .com” em 1999 e 2000, alerta Richard Bernstein, que possui mais de 40 anos de experiência em Wall Street, incluindo, mais recentemente, o posto de estrategista-chefe de investimentos na Merrill Lynch.

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“Todas as bolhas acabaram por estourar, e o estouro da bolha das .com levou à chamada década perdida em ações, durante a qual o S&P 500 proporcionou retornos negativos durante uma década. Quando a atual explosão especulativa terminar, a extrema concentração dos mercados acionistas tornará novamente provável que ocorra um período prolongado de desempenho abaixo da média para as ações”, explica.

Em uma análise enviada a clientes nesta quarta-feira (21) e obtida pelo Dinheirama, Bernstein argumenta que o crescimento monetário (M2) dos EUA atingiu o pico de 27%, o mais alto da história moderna dos EUA.

Tal como o avanço monetário que alimentou a bolha de 1999 e 2000, o atual não pode ser totalmente absorvido pela economia real e alimentou outra bolha financeira.

“Embora seja verdade que o crescimento monetário dos EUA foi maior após o 11 de setembro, a crise financeira global e a pandemia da Covid, a infusão de liquidez de 1998 não foi associada a uma queda na atividade econômica, então o excesso de liquidez fluiu para os ativos financeiros em vez de para a reconstrução do economia”, explica.

Crescimento monetário dos EUA entre fevereiro de 1990 e dezembro de 2023

Fonte: Bloomberg Finance e Richard Bernstein

“A combinação entre o hype da IA e a imensa liquidez relacionada com a pandemia que não foi totalmente absorvida pela economia real inflou as avaliações das ações e criou uma valorização limitada a poucos ativos e altamente especulativa”, explica Bernstein, amplamente reconhecido como um especialista em investimentos de estilo e alocação de ativos e hoje CEO da Richard Bernstein Advisors.

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Assim como na última debacle, os investidores estão a evitando a diversificação para assumirem riscos impulsivos para não perder a disparada dos preços.

“O consenso de hoje continua centrado nas ações das 7 Magníficas, mas nenhuma teoria financeira sólida aconselha que sete ações constituam uma carteira bem diversificada como núcleo para a construção de riqueza”, pondera a análise.

As 7 empresas são: Alphabet (GOGL34; GOGL35; GOOG; GOOGL), dona da Google, Nvidia (NVDC34; NVDA), Tesla (TSLA34; TSLA), Microsoft (MSFT34; MSFT), Apple (AAPL34; AAPL), Amazon (AMZO34; AMZN) e Meta (M1TA34; META).

Os sinais da Bolha

“Parece haver uma percepção errada comum de que o atual período especulativo de desempenho superior é muito diferente daquele durante a Bolha das .com porque as 7 Magníficas são “empresas reais” e não os IPOs sem valor emitidos durante a bolha. Poucos parecem perceber que a bolha das .com foi de fato liderada por empresas reais”, chama a atenção Bernstein.

Embora algumas das 7 tenham um forte crescimento em seus fundamentos, este desempenho não é uniforme dentro das sete e nem é único em relação às perspectivas de crescimento de muitas empresas não-Magníficas. Ou seja, embora as ações tenham decolado, elas não estão entre as com maiores projeções de crescimento dos lucros.

“Existem atualmente cerca de 140 ações nos mercados acionistas do G-7 (EUA, Canadá, Alemanha, Japão, França, Reino Unido e Itália) com previsões de aumento dos lucros em 25% ou mais durante o próximo ano. Mais importante ainda, apenas 3 delas estão nesta lista e com crescimento mais rápido ocupa apenas o 25º lugar”, descreve o relatório.

Países do G7: empresas com crescimento de lucro por ação para os próximos 12 meses maior do que 25% (em 02/02/24)

Fonte: Richard Bernstein Advisors e Factset

Enquanto isso, o desempenho relativo entre o índice Nasdaq 100 (IXIC) e o Russell 2000 (BIWM39) é tão extremo quanto foi durante a última bolha tecnológica.

“A história parece repetir-se: entusiasmo por novas tecnologias, liquidez significativa, desempenho superior da bolha, entusiasmo dos investidores e assunção de riscos. Será a próxima década perdida em ações?”, questiona Bernstein.

Retorno relativo do Nasdaq 100 vs. Russell 2000

Fonte: Bloomberg Finance e Richard Bernstein

Bitcoin

As quantidades extremas de excesso de liquidez também alimentaram uma bolha nas criptomoedas, explica Bernstein.

“Como não existe uma utilização econômica legítima tangível para o Bitcoin (BTCUSD), o excesso de liquidez e condições financeiras mais fáceis são os principais determinantes do valor do Bitcoin”, pontua.

Bitcoin vs. Índice de Condições financeiras (31/12/2019 – 13/2/2024)

Fonte: Bloomberg Finance e Richard Bernstein

O que fazer?

Para Bernstein, os investidores devem considerar o que estão perdendo com a sua miopia, já que evitar a diversificação nunca foi prudente, e isso é certamente verdade em ambientes de bolha. A chave para retornos futuros pode ser a diversificação simples e básica.

“A gama de oportunidades de investimento subvalorizadas parece historicamente ampla e historicamente atrativa. Dado que a última vez que surgiram oportunidades semelhantes foi depois da Bolha, há 24 anos, não pensamos que estamos a exagerar quando descrevemos isto como uma oportunidade única numa geração”, conclui.

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