A emissão de um comunicado conjunto e uma declaração tributária de consenso por lideranças financeiras do G20 é uma vitória para o Brasil, que preside o grupo neste ano, disse nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Em entrevista à imprensa após o encerramento das reuniões desta semana de lideranças financeiras do G20, Haddad afirmou que a implementação da proposta brasileira de uma taxação global mínima sobre super-ricos não é tarefa simples, “é uma mudança de conceito como nunca se viu”, mas disse ter esperança de que o objetivo seja alcançado em um futuro próximo.
Perguntado sobre os próximos passos para implementação da tributação sobre super-ricos, pauta que países mais ricos veem com ressalvas apesar do aceno à ideia do Brasil, ele afirmou que o tema está em debate com a ONU e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Na tentativa de afastar atritos entre países que impediram a emissão de comunicado conjunto na reunião de fevereiro, em São Paulo, o Brasil articulou a elaboração de um documento separado que tratasse de geopolítica, o que abriu caminho para um comunicado de consenso sobre temas financeiros.
Com a decisão, a presidência brasileira conseguiu acordo entre os representantes das maiores economias do mundo para tornar público um comunicado conjunto e uma declaração sobre tributação internacional, incluindo menção à pauta prioritária do Brasil sobre taxação de super-ricos.
“Me parece uma grande vitória da diplomacia brasileira”, disse Haddad. “Superou nossas expectativas iniciais.”
De acordo com o ministro, a conclusão dos trabalhos levou a um documento que trata sobre o combate às desigualdades, busca por sistemas tributários mais justos, esforços contra mudanças do clima e reforma de bancos multilaterais.
Segundo ele, o documento ainda traz um compromisso dos países com a proposta brasileira para criar uma Aliança Global contra Fome e Pobreza, ideia tratada como prioritária pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.