O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira que o desconto médio oferecido por credores a pessoas endividadas por meio do programa Desenrola, do governo federal, foi de 83% e classificou a iniciativa como “um enorme sucesso”.
Em entrevista coletiva em São Paulo, Haddad disse que de um montante de 151 bilhões de reais em dívidas cadastradas no programa, houve desconto de 126 bilhões de reais, o que reduziu o valor final a ser pago a 25 bilhões de reais. O programa pode beneficiar até 32,3 milhões de pessoas.
“Estamos bastante felizes com os resultados, estamos falando de 150 bilhões de reais que podem ser eventualmente quitados, o que vai permitir que as pessoas possam ter um último trimestre do ano bastante mais confortáveis, com o nome limpo, o crédito recuperado, para ter um final de ano melhor”, disse.
“Combinado com o aumento de renda que as pessoas estão tendo, desemprego menor, taxa de juros menor, tudo isso pode nos permitir imaginar um quarto trimestre melhor do que o esperado”, acrescentou, ao defender também o andamento da pauta econômica doméstica como resposta a desafios internacionais, citando a alta dos juros norte-americanos e a elevação do preço do petróleo.
A atual projeção do governo para o desempenho da atividade econômica em 2023 é de um crescimento de 3,2%. O Banco Central, por sua vez, espera uma alta de 2,9% neste ano.
Dos 25 bilhões de reais em dívidas que precisarão ser quitadas após a renegociação, 13 bilhões de reais dizem respeito a pendências de até 5 mil reais de pessoas com renda de até dois salários mínimos, fatia que contará com garantia do Tesouro Nacional. Os outros 12 bilhões de reais se referem a débitos de até 20 mil reais, sem aval do governo.
Haddad destacou que agora os devedores precisam fazer seus cadastros nas plataformas do governo para posteriormente acessar o sistema do Desenrola e aceitar as renegociações.
Na entrevista, ele ainda afirmou esperar que o problema do represamento dos precatórios a serem pagos pelo governo seja solucionado ainda neste ano para que a União “limpe seu balanço”.
O governo pediu ao Supremo Tribunal Federal que considere inconstitucional o teto anual para pagamentos aprovado durante o governo Jair Bolsonaro, além de defender que pagamentos de encargos financeiros relacionados aos precatórios não sejam contabilizados nas despesas primárias do Tesouro.