Analistas do Itaú BBA estiveram reunidos com executivos da Hapvida (HAPV3) na terça-feira e o entendimento foi de que um aumento de capital apenas para reduzir a alavancagem financeira não deve ocorrer no curto prazo, embora o grupo de saúde possa acessar o mercado para financiar projetos.
“A empresa antecipa que a melhora dos resultados, juntamente com sólidas perspectivas de fluxo de caixa para os próximos trimestres, irão naturalmente desalavancar a empresa, atingindo potencialmente uma posição de caixa líquido dentro de dois anos”, afirmaram em relatório a clientes.
“No entanto, a empresa pode considerar a utilização do seu perfil de empresa listada para acessar o mercado e financiar projetos, como hospitais emblemáticos em São Paulo e no Rio de Janeiro, o que poderia melhorar a integração vertical na região”, acrescentaram, citando que o desembolso estimado para cada hospital é de cerca de 350 milhões de reais.
No encontro, realizado pelo Itaú BBA, estavam presentes o atual CFO da companhia, Maurício Teixeira, que renunciou ao cargo recentemente, bem como, Luccas Adib, diretor de mercado de capitais da Hapvida, que assumirá interinamente o cargo em 1º de janeiro. Vários analistas de “buy-side” também participaram.
Na bolsa paulista, os papéis da companhia chegaram a recuar mais de 7%, a 4,14 reais, no pior momento, desacelerando as perdas neste começo de tarde para 3,14%, a 4,32 reais, ainda entre as maiores quedas do Ibovespa, que cedia 0,11%.
Em relação à saída do CFO, a percepção do Itaú BBA é de que Teixeira deixou sua posição após completar a fusão entre a companhia e o Grupo Notre Dame Intermédica. A integração, prevista para ocorrer no primeiro semestre de 2024, segundo os analistas, é considerada o próximo ponto crítico.
Na reunião, segundo o relato dos analistas, os executivos abordaram os aprendizados com a integração do CCG, Clinipam e NDI Minas Gerais em 2023.
A integração dos ativos no Sul desencadeou a implementação dos protocolos do Hapvida na região, juntamente com a centralização de materiais e compras de medicamentos, resultando numa diminuição da métrica MRL (sinistralidade médica) nos primeiros meses.
Para a integração do Notre Dame Intermédica em São Paulo, embora a operação deva se beneficiar de protocolo e compras unificadas, o Itaú entendeu que não se deve antecipar uma mudança brusca na rede hospitalar para toda a base de beneficiários.
“Dito isso, as vendas brutas dos planos de saúde no Sudeste deverão adotar uma abordagem mais verticalizada, o que ajudará a mitigar atritos com o portfólio atual da empresa.”
Ainda conforme o relatório do Itaú BBA sobre o encontro, apesar de os resultados continuarem refletindo a implementação de aumento de preços, juntamente com os benefícios de uma maior integração vertical e os ganhos contínuos da integração de outras aquisições CCG, Clinipam e NDI Minas Gerai , as perspectivas para o quarto trimestre são mais realistas.
Conforme escreveram os analistas, a expectativa é que a melhoria da MLR seja menor que a sazonalidade habitual.
Para 2024, acrescentaram, o foco está em entregar uma MLR de cerca de 68% no segundo semestre. Além disso, a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a regionalização do piso salarial de enfermeiros mitiga as preocupações sobre como este fator poderá afetar a MLR em 2024. O Itaú BBA avalia que, com a regionalização, o impacto seja significativamente reduzido.
“A nossa impressão é que a empresa continua empenhada em recuperar a sua rentabilidade através da promoção de um produto mais verticalmente integrado, da implementação de aumentos de preços adequados e da integração dos ativos adquiridos, ao mesmo tempo que simplifica a sua estrutura empresarial”, afirmaram Vinicius Figueiredo e equipe.
“Embora alguns investidores tenham preocupações sobre o crescimento a curto prazo devido às fricções naturais da integração de ativos complexos, acreditamos que os ganhos de rentabilidade decorrentes destas ações superarão esses fatores e impulsionarão um forte crescimento dos lucros no futuro.”
Nesse cenário, os analistas reiteraram recomendação “outperform” para as ações da Hapvida, com preço-alvo de 7 reais por papel para o final de 2024.