A Procuradoria Federal Especializada junto ao IBGE denunciou ao Ministério Público Federal uma consultoria privada, a Science, que supostamente utilizava a estrutura do órgão desde 1993, incluindo sua sede, para operar. Segundo o documento, a empresa, composta por servidores ativos e inativos do instituto, atua em áreas correlatas às do órgão federal, levantando suspeitas de conflito de interesses e uso indevido de bens públicos. Há, além disso, a suspeita de destinação de recursos do próprio IBGE para a empresa.
Entre as irregularidades apontadas, a consultoria declarava o IBGE como cliente sem apresentar contratos ou parcerias formais e utilizava como endereço um local próximo à sede do Instituto. A denúncia sugere que a Science realizava atividades utilizando recursos e conhecimento do órgão sem autorização oficial.
O caso pode configurar crime contra a administração pública ou improbidade administrativa. A Procuradoria recomendou investigações internas e o encaminhamento da denúncia ao Conselho Curador do IBGE e outros órgãos responsáveis. A ex-presidente do IBGE, Wasmalia Socorro Barata Bivar, por exemplo, faz parte do conselho fiscal da Science.
Saiba mais sobre a denúncia do IBGE
• Denúncia formalizada: A Procuradoria do IBGE formalizou uma denúncia ao Ministério Público sobre a atuação da consultoria SCIENCE, integrada por servidores do Instituto. A empresa utilizava infraestrutura e recursos do IBGE sem documentação que autorizasse a relação, configurando possível conflito de interesses.
• Dinheiro do BID. A investigação aponta que documentos sugerem um aporte de recursos do IBGE da ordem de US$ 50 mil para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e desse para a Science, com vistas à realização de pesquisa. Além disso, existe outra carta-convênio do BID para a Science prevendo o repasse de US$ 440 mil para a realização da mesma pesquisa, com previsão de aporte de recursos adicionais de mais US$ 220 mil, totalizando US$ 660 mil.
• Declaração de cliente sem contrato: A consultoria declarava o IBGE como cliente em seu site, mas não apresentou contratos ou documentos que comprovassem parcerias formais.
• Recomendações da Procuradoria: Foram sugeridas apurações internas e comunicação do caso ao Conselho Curador do IBGE e à Corregedoria para verificar as suspeitas. A denúncia destaca o risco para a reputação do IBGE e a necessidade de garantir a segurança e o sigilo dos dados administrados pelo Instituto.