A expectativa de que o anúncio do pacote de corte de gastos não passe desta semana, a alta das commodities e o viés para cima nos índices futuros de ações em Nova York estimulam o Ibovespa (IBOV) para cima.
Pouco antes do fechamento deste texto, subiu 0,76% e alcançou a importante marca psicológica dos 130 mil pontos (130.015,01 pontos).
Apesar de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de novembro acima da mediana (de 0,49% e perto do teto de 0,64%) das expectativas o dado ficou em 0,62%, de 0,54% em outubro, Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, pondera que há alguns pontos positivos no indicador divulgado mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em Alimentação e Transportes, por exemplo, ressalta que as altas nos grupos foram puxadas por itens cujas elevações podem ser temporárias.
“A tendência é que seja esporádico”, pondera Moreira. “É preciso olhar mesmo as medidas de núcleos, que desaceleraram na margem”, recomenda o sócio da One Investimentos.
Conforme a Terra Investimentos, a média dos núcleos do IPCA-15 de novembro desacelerou a 0,41%, ante alta de 0,43% em outubro, calcula o economista Homero Guizzo.
“Na abertura do dado de hoje, a principal surpresa altista veio em itens mais voláteis e que não compõem os núcleos de inflação, como passagem aérea e pacote turístico”, acrescenta em relatório o Itaú Unibanco.
Apesar disso, o banco avalia que o qualitativo de inflação seguiu piorando na margem (ainda que um pouco menos do que o esperado), com aceleração em serviços subjacentes.
Assim, o Ibovespa sobe moderadamente ainda em meio à cautela externa, diante da promessa do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas a produtos mexicanos, canadenses e chineses.
Ontem, o Índice Bovespa fechou em baixa moderada de 0,07%, aos 129.036,10 pontos, dividido entre a boa recepção do mercado ao nome do gestor Scott Bessent para a secretaria do Tesouro dos Estados Unidos e a espera pelo pacote de corte de gastos no Brasil.
Também na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como “definitiva” a reunião mantida na segunda-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que o governo deve apresentar ainda nesta semana o pacote de corte de gastos.
O detalhamento das propostas, porém, será feito após a apresentação das medidas para os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Isso pode acontecer nesta semana
Conforme apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o pacote de corte de gastos do governo inclui mudanças nas regras para concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), no abono salarial, na política de reajuste do salário mínimo e na previdência e pensão de militares.
Para Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital, a alta do Ibovespa deve-se à expectativa sobre o fiscal. Em sua visão, por mais que tenha saído noticia de que o anuncio não deve ser hoje, alguns pontos foram positivos no qualitativo.
“O governo vai mexer em alguns pontos que vão tornar o corte recorrente”, cita
Às 11h22, o Ibovespa subia 0,24%, aos 129.349,26 pontos, ante alta de 0,76%, na máxima aos 130.015,01 pontos, depois de mínima aos 129.042,24 pontos, com variação zero.
Apesar da alta de cerca de 0,70% do petróleo e de 0,32% do minério em Dalian, na China, as ações de Vale e Petrobrás arrefeciam as altas.
(Com Estadão Conteúdo)