O Ibovespa (IBOV) fechou com um declínio discreto nesta segunda-feira, em sessão com volume reduzido antes de divulgações relevantes na semana, como a ata da última decisão do Copom e números de inflação no Brasil e Estados Unidos, enquanto BB Seguridade (BBSE3) subiu mais de 2% após resultado trimestral.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,11 %, a 119.379,50 pontos, após chegar a 118.893,9 pontos na mínima e a 120.103,93 pontos na máxima. O volume financeiro somou 19,7 bilhões de reais, bem abaixo da média diária do ano de 25,8 bilhões de reais.
A manutenção da fraqueza do Ibovespa nesses primeiros pregões de agosto, após subir quase 16% no segundo trimestre, acompanha o movimento do capital externo na bolsa paulista, que até o dia 3 mostrava saldo negativo de 2,775 bilhões de reais, após dois meses de entradas líquidas, em dado que não inclui IPOs e follow-ons.
Até o momento, o Ibovespa acumula queda de em torno de 2% no mês.
A agenda prevista para semana também endossou o tom mais comedido na sessão, uma vez que na terça-feira serão conhecidos detalhes sobre a decisão do Banco Central de reduzir a Selic a 13,25% ao ano na última quarta-feira, assim como são esperados dados de preços ao consumidor no Brasil, na sexta, e Estados Unidos, na quinta.
Na visão do superintendente da Necton/BTG Pactual, Marco Tulli, este começo de mês também está refletindo algumas dúvidas relacionadas a movimentações em Brasília, particularmente a reforma tributária, no que diz respeito por exemplo à tributação de fundos exclusivos.
A proposta relacionada aos fundos exclusivos de investimento prevê que os seus rendimentos sejam tributados todo ano, e não apenas no momento do resgate, e faz parte das medidas para ampliar os recursos para o Orçamento de 2024, que serão enviadas para apreciação do Congresso no final do mês.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou que pretende mandar ao Congresso o texto para mudar a tributação em um projeto de lei, e não como medida provisória.
O mercado secundário de ações ainda teve como pano de fundo nesta sessão a alta das taxas dos contratos de DI, o que acaba pressionando papéis sensíveis à economia doméstica. Além disso, a temporada de balanços no Brasil ganha fôlego nos próximos dias. Nesta segunda-feira ainda, Itaú Unibanco apresenta seus números.
Nem o desempenho positivo em Wall Street, com o S&P 500 avançando 0,9% e o Dow Jones subindo mais de 1%, animou o Ibovespa. Em Nova York, o começo da semana foi de ajustes após perdas nos últimos pregões, enquanto agentes financeiros aguardam dados de inflação nos EUA.
Destaques corporativos
BB Seguridade (BBSE3) avançou 2,38%, a 32,26 reais, após a empresa de seguros e previdência do Banco do Brasil reportar lucro líquido de 1,84 bilhão de reais no segundo trimestre, crescimento de 30,9% sobre o desempenho de um ano antes, bem como anunciar programa de recompra de ações.
Em teleconferência sobre o resultado, executivos da companhia disseram que a sinistralidade da BB Seguridade tem tido um desempenho “bem positivo” em 2023, enquanto a companhia não espera impacto relevante em seus resultados do segundo semestre por causa da queda da Selic.
Petrobras (PETR4) subiu 0,63%, a 30,19 reais, apesar do declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent recuou 1%.
Após flertar com o sinal negativo, as ações da Petrobras firmaram-se em alta, chegando a 30,5 reais na máxima do dia, depois que a Reuters noticiou que a companhia pode elevar em até cerca de 10% os investimentos previstos no próximo Plano Estratégico para o período de 2024 a 2028.
O diretor executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores da empresa, Sergio Caetano Leite, ainda afirmou que a alavancagem está sob controle, e que o plano de negócios da empresa prevê que investimentos serão feitos com geração de caixa próprio, de forma orgânica.
Itaú (ITUB4) cedeu 0,79%, a 27,66 reais, antes da divulgação do balanço após o fechamento do mercado nesta segunda-feira.
No setor, Bradesco (BBDC4) caiu 0,71%, a 15,34 reais, sem conseguir sustentar a trégua em parte da sessão, mesmo após desabar 6,65% na última sexta-feira, quando refletiu a recepção negativa aos números do segundo trimestre e previsões para o ano.
Banco do Brasil (BBAS3) desvalorizou-se 0,17% e Santander Brasil (SANB11) ganhou 0,07%.
JBS (JBSS3) recuou 2,16%, a 19,45 reais, tendo como pano de fundo resultado pior do que as expectativas da norte-americana Tyson Foods.
Minerva (BEEF3) encerrou com queda de 0,75% e Marfrig (MRFG3) subiu 0,75%.
BRF (BRFS3) perdeu 1,85% em meio a ajustes após saltar cerca de 6% na última sexta-feira.
Méliuz (CASH3) desabou 6,95%, a 8,84 reais, tendo no radar o resultado do segundo trimestre, previsto para terça-feira, após o fechamento do mercado.
A ação também ficou de fora da primeira prévia para o Ibovespa que irá vigorar no último quadrimestre do ano, divulgada na semana passada. Apenas neste mês, o papel contabiliza uma perda ao redor de 11%, após avançar mais de 27% em julho.
CVC Brasil (CVCB3), que também reporta seus números no final do dia 8, fechou em baixa de 3,97%, a 2,9 reais, tendo ainda como pano de fundo a alta das taxas futuras de juros.
Vale (VALE3) avançou 0,5%, a 67,9 reais, na contramão da queda dos futuros do minério de ferro na Ásia. O contrato mais negociado na Bolsa de Dalian, na China, encerrou as negociações diurnas com declínio de 1,6%.
Além disso, a companhia não conseguiu barrar o processo movido pela BHP na Justiça de Londres para que a Vale compartilhe a responsabilidade potencial em um processo de 36 bilhões de libras relacionado ao pior desastre ambiental do Brasil.
Embraer (EMBR3) subiu 2,17%, a 17,88 reais. Executivo da fabricante de aviões afirmou à Reuters que o aumento da demanda por jatos executivos visto durante a pandemia não enfraqueceu.
Assaí (ASAI3) avançou 1,31%, a 13,87 reais, tendo como pano de fundo relatório de analistas do Bank of America elevando a recomendação dos papéis para “compra”, bem como o preço-alvo de 16 para 20 reais.