Com a confirmação nesta sexta-feira, em Jackson Hole (EUA), do sinal de corte de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em setembro, o Ibovespa (IBOV) retomou a trajetória positiva nesta última sessão da semana, em leve alta de 0,32%, aos 135.608,47 pontos, após realização de lucros na quinta-feira, quando cedeu 0,95%.
Na semana, o índice da B3 subiu 1,24%, depois de avanços de 2,56% e de 3,78% nos intervalos precedentes, acumulando assim ganho de 6,23% em agosto, que chega ao fim na próxima sexta.
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Nesta sexta, o índice da B3 flutuou dos 135.174,18, mínima na abertura, até os 136.477,53 pontos, na máxima do dia. O giro financeiro ficou em R$ 20,9 bilhões na sessão.
No ano, o Ibovespa avança 1,06%. Se o desempenho se mantiver, agosto pode vir a ser o melhor mês para o índice desde a alta de 12,54% acumulada em novembro do ano passado. Na semana que nesta sexta se encerra para o mercado, o Ibovespa renovou níveis recordes de fechamento entre segunda e quarta-feira.
O apetite por risco foi retomado nesta sexta, tanto aqui como no exterior, com índices de ações em alta na B3 e em Nova York, câmbio acomodado abaixo de R$ 5,50 por aqui e retração na curva de juros doméstica.
Com a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, o Rabobank passou a prever quatro cortes consecutivos da taxa de juros nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que revisou, em alta, a projeção para a cotação do euro ante o dólar no curto prazo.
Em relatório, o banco passou a prever um relaxamento nos juros americanos no horizonte de setembro, novembro, dezembro, e janeiro de 2025.
Anteriormente, a previsão era de alívio distribuído de maneira mais espaçada, entre setembro deste ano e junho de 2025. Nesse contexto de expectativa por juros de referência menores nos Estados Unidos nos próximos meses, os rendimentos dos Treasuries recuaram nesta sexta-feira, e os índices de ações em Nova York mostraram alta de até 1,47% (Nasdaq) no fechamento da sessão.
“A grande mensagem de Powell, em Jackson Hole, foi a de que chegou a hora de ajustar os juros dos Estados Unidos. O tom do discurso foi bem dovish suave, deixando sobre a mesa a possibilidade de um corte de meio ponto porcentual na taxa do Fed já em setembro, embora a aposta majoritária do mercado, no momento, ainda seja de um corte menor, de 0,25 ponto, no início do ciclo de afrouxamento dos juros americanos”, diz Denis Esteves, sócio e advisor da Blue3 Investimentos.
“Powell confirmou hoje, como se esperava, o início do corte de juros nos Estados Unidos para setembro. Ele apontou mudança no balanço de riscos, com a convergência da inflação americana para a meta do Fed, de 2% ao ano. O mercado de trabalho se mostra um pouco mais enfraquecido nos Estados Unidos, o que contribui também para a precificação de cortes mais significativos pelo mercado, ainda que Powell não tenha dado, hoje, um ‘guidance’ específico sobre o grau de ajuste que virá nos juros de lá”, aponta Rodrigo Alvarenga, sócio e assessor da One Investimentos.
“Powell deu ênfase às condições do mercado de trabalho, em contraposição a uma pura abordagem das métricas de inflação, o que indica que a volatilidade futura da taxa de juros estará mais ligada aos dados do trabalho. Trata-se de uma guinada significativa em relação aos últimos anos, quando a inflação era o que guiava as expectativas sobre as taxas de juros”, observa em nota Daniel Siluk, líder do grupo global de ativos de curta duração e liquidez na Janus Henderson.
Na B3, após a realização de lucros na quinta, a recuperação desta sexta se mostrou também bem distribuída pelos nomes de maior liquidez e peso no Ibovespa, à exceção significativa de Vale (VALE3) (-1,68%), Petrobras (PETR3; PETR4) (ON -0,98%, PN -0,62%, ambas nas mínimas do dia no fechamento) – apesar da alta acima de 2% para o petróleo na sessão, em semana negativa para a commodity – e de Itaú (ITUB4) (-0,76%), três das principais ações da carteira teórica.
Na semana, Petrobras (ON -2,88%, PN -1,63%) como também Itaú PN (-0,76%, equivalente ao desempenho desta sexta) acumularam perdas, na contramão do índice e de outras ações de peso.
“A desvalorização do minério em baixa de mais de 2% na sessão de hoje em Dalian, China tem impacto negativo nas ações da Vale, assim como a queda do dólar, que pressiona também ações de empresas exportadoras de carne, como JBS e BRF”, observa Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital.
Dessa forma, JBS (JBSS3) (-3,81%) e BRF (BRFS3) (-2,02%) seguraram a ponta perdedora do Ibovespa na sessão, além dos já citados Vale, Petrobras e Itaú.
No lado oposto da carteira, destaque nesta sexta-feira para empresas de setores cíclicos, mas sensíveis a juros, como Cogna (COGN3) (+7,52%), Lojas Renner (LREN3) (+7,32%), Eztec (EZTC3) (+6,93%) e Yduqs (YDUQ3) (+6,51%).
O Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira traz poucas mudanças no quadro das expectativas para o desempenho das ações no curtíssimo prazo, em relação à edição da semana passada.
Mesmo com o Ibovespa tendo renovado máximas históricas nesta semana, mais de 80% dos participantes esperam entre alta (44%) e estabilidade (44%) para o índice na próxima semana, enquanto 11% apenas preveem queda.
No Termômetro anterior, também 44% acreditava em avanço; 33%, em variação neutra; e 22%, em baixa.
(Com Estadão Conteúdo)