Com apoio de Petrobras na sessão (PETR3;PETR4) (ON +0,68%, PN +0,80%), cujas ações chegaram a acentuar ganhos acima de 1% após a confirmação de aumento do diesel a partir deste sábado, o Ibovespa (IBOV) buscou se firmar aos 127 mil pontos, mas não conseguiu sustentar a marca no fechamento, em razão do fraco desempenho das ações de bancos e, em especial, do setor metálico.
Assim, o índice da B3 oscilou dos 126.057,34 aos 127.531,99 pontos, e encerrou em baixa de 0,61%, aos 126.134,94, com giro a R$ 21,6 bilhões nesta última sessão do mês.
Em janeiro, acumulou ganho de 4,86%, comparado a perda de 4,79% no mesmo mês do ano passado Na semana, em alta de 3,01%, teve seu melhor intervalo desde o período entre 5 e 9 de agosto (+3,78%).
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Apesar da confirmação nesta tarde de que, assim como Canadá e México (com 25%), as exportações da China aos Estados Unidos também serão taxadas (em 10%, a partir de amanhã) ter afetado negativamente o Ibovespa na sessão, janeiro se confirmou como o primeiro avanço para o índice desde agosto – e também como melhor abertura de ano desde 2022, então em alta de 6,98%.
Ainda assim, a última sessão do mês foi turvada, do meio para o fim da tarde, por sinais de que a Casa Branca parece estar disposta a iniciar uma guerra comercial, o que afetou também o desempenho do petróleo, enfraquecendo-o em direção ao fechamento em Londres e Nova York.
O sinal negativo obscureceu o efeito proporcionado por Petrobras desde o começo da tarde, após a estatal ter anunciado reajuste de R$ 0,22 por litro para o diesel nas refinarias a partir de amanhã, elevado a R$ 3,72.
O combustível estava sem reajuste havia 401 dias, com uma defasagem de 17% em relação aos preços praticados no mercado internacional, reporta a jornalista Denise Luna, do Broadcast.
Com a deterioração da percepção de risco sobre emergentes como o Brasil, o desempenho de Petrobras deixou de ser o suficiente para defender o Ibovespa.
No fechamento, Vale (VALE3) mostrava queda de 1,56% e as perdas no setor metálico chegavam a 4,09% (Gerdau Met).
Os bancos, que operavam em bloco no positivo mais cedo, também em parte oscilaram para baixo, com destaque para Itaú (PN -0,65%, na mínima do dia no fechamento) (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) PN (-0,41%).
Na ponta perdedora do Ibovespa, Vibra (VBBR3) (-5,07%), RD Saúde (RADL3) (-4,35%) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4) (-4,09%).
No lado oposto, Totvs (TOTS3) (+4,45%), BTG (BPAC11) (+1,62%) e Cogna (COGN3) (+1,44%).
“Janeiro foi positivo após a forte correção do fim do ano passado, em que houve certo exagero. Ainda que os problemas domésticos não estejam resolvidos, os ativos brasileiros estavam muito descontados, então a recuperação se tornou natural. A perspectiva, contudo, ainda é de voo de galinha”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, mencionando as incertezas sobre a arrecadação e o fiscal ao longo deste ano, que haviam resultado em prêmios significativos sobre o câmbio e a curva de juros. “Melhora de janeiro pode ser espuma”, acrescenta. “Mas as coisas podem se ajeitar em direção melhor se o dever de casa for feito.”
Para Bruna Centeno, economista e advisor da Blue3 Investimentos, o anúncio do diesel era o ponto positivo do dia até a mudança de direção do Ibovespa, do meio para o fim da tarde.
“Foi um sinal de que a governança da companhia (Petrobras) permanece sólida, em momento de margens saudáveis tanto no diesel como na gasolina, o que fez com que o mercado operasse no papel durante a sessão”, diz.
Apesar dos desafios no quadro mais amplo, as expectativas para o desempenho das ações no curtíssimo prazo ficaram mais otimistas no Termômetro Broadcast Bolsa desta semana.
A previsão majoritária passou a ser de alta para o Ibovespa, após estimativa anterior de estabilidade. Entre os participantes, 50,0% esperam que o índice avance, enquanto as fatias que esperam estabilidade e baixa são de 37,5% e 12,5%, respectivamente.
Na edição anterior, a expectativa de ganhos tinha 37,5% do universo; a de variação neutra, 50,0%; e de queda, 12,5%.
Em dólar, o Ibovespa havia chegado ao fim de 2024 a 19.462,70 pontos, refletindo a perda nominal na casa de 10% para o índice e o avanço de 27% para a moeda americana em relação ao real, no ano.
Agora, no encerramento de janeiro de 2025, em que o dólar acumulou perda de 5,56% frente ao real, acomodando-se abaixo dos R$ 6, a R$ 5,83, o Ibovespa, na moeda americana, foi a 21.611,03 pontos, acima do nível em que estava no fechamento de novembro passado, então a 20.940,45 pontos.
Contudo, permanece em nível abaixo do que se encontrava no fim de outubro (22.437,48 pontos), mês em que o dólar já havia acumulado alta de 6,13% e o Ibovespa, perda nominal de 1,60% e que se agravaria em novembro, com -3,12%, e dezembro, -4,28%.
(Com Estadão Conteúdo)