O Ibovespa (IBOV) fechou com um ganho modesto nesta segunda-feira, minado pela queda da Petrobras e pelo tombo da Embraer, que atenuaram o efeito da reação positiva de Wall Street à decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de desistir de concorrer a um novo mandato.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 0,19%, a 127.859,63 pontos, encontrando respaldo ainda no alívio da curva futura de juros e queda do dólar ante o real. Na máxima do dia, chegou a 128.150,97 pontos. Na mínima, a 127.455,86 pontos.
Tal performance ocorreu após o Ibovespa perder 0,99% na semana passada, quando as ações brasileiras foram pressionadas pelo viés das bolsas norte-americanas e preocupações com o quadro fiscal local. Em julho, o Ibovespa ainda sobe mais de 3%.
O volume financeiro nesta segunda-feira somou 17 bilhões de reais.
Para o analista Alex Carvalho, da CM Capital, a sessão refletiu uma recuperação do desempenho no final da semana passada, quando houve uma correção da tendência mais positiva que vem marcando o mês e aproximou o Ibovespa dos 130 mil pontos. Na última quinta-feira, o índice chegou a 129.657,77 pontos.
Ele explicou que esse patamar abre espaço para movimentos de realização de lucros, uma vez que, do ponto de vista da análise gráfica, se o Ibovespa confirmar o nível de 130 mil já começa a mirar a sua máxima história, na casa dos 134 mil pontos.
O recorde intradia do Ibovespa foi registrado no dia 28 de dezembro, quando marcou 134.391,67 pontos. A máxima de fechamento foi apurada no dia anterior, de 134.193,72 pontos.
Wall Street reagiu positivamente nesta segunda ao anúncio de Biden, na véspera, de que desistiu de concorrer à reeleição, com o S&P 500 fechando em alta de mais de 1%, embora não exista ainda um consenso sobre os desdobramentos seguintes a tal decisão.
Na visão do economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, as chances maiores ainda estão com o republicano Donald Trump, mas os eventos do final de semana têm potencial para mudar esse quadro.
Ele avalia que Kamala Harris atual vice-presidente e apoiada por Biden para substituí-lo na eleição “certamente” dará mais trabalho a Trump do que o Biden daria na sua atual situação.
“Assim, o resultado da eleição presidencial americana ainda está em aberto”, acrescentou em relatório enviado a clientes.
No Brasil, a temporada de balanços corporativos também começa a ocupar as atenções, com o resultado do segundo trimestre do Carrefour Brasil após o fechamento dos mercados nesta segunda-feira, enquanto a agenda da semana também inclui os números de Santander Brasil, Multiplan e Vale, entre outros.
Estrategistas do Santander no Brasil estimam um aumento de cerca de 17% no lucro líquido das empresas brasileiras na temporada de resultados do segundo trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior, considerando as cerca de 150 companhias sob cobertura dos analistas do banco.
Destaques
LWSA (LWSA3) fechou em alta de 4,39%, reagindo após três pregões seguidos de queda, período em que caiu cerca de 7%.
Em relatório nesta segunda-feira, analistas do UBS BB chamaram a atenção para o “ritmo acelerado” de recompras de ações da companhia de tecnologia, o que “mostra que a sua estratégia de alocação de capital está sendo executada de forma constante em direção à própria empresa e longe de novas aquisições”.
Lojas Renner (LREN3) avançou 3,83%, favorecida pelo alívio na curva futura de juros, além de relatório do JPMorgan recomendando exposição de curto prazo, na expectativa de revisão para cima nas previsões para os lucros.
Multiplan (MULT3) valorizou-se 3,98%, em dia positivo para o setor dado o alívio nas taxas de DI, com o balanço da empresa de shopping center previsto para quinta-feira, após o fechamento do mercado, também no radar.
Em relatório na semana passada, analistas do Itaú reiteraram visão positiva do setor, destacando Multiplan como principal escolha.
Iguatemi (IGTI11) subiu 2,52% e Allos (ALOS3) ganhou 2,49%.
Carrefour (CRFB3) subiu 4,39% antes de reportar seu desempenho no período de março a junho ainda nesta segunda-feira.
A equipe da Genial Investimentos estima que a companhia deve ser a grande surpresa positiva do setor de varejo alimentar no trimestre, com uma dinâmica de recomposição de rentabilidade em todas as verticais do grupo, conforme prévia divulgada na última quinta-feira.
Na contramão, GPA (PCAR3) caiu 3,44%.
Petrobras (PETR4) recuou 1,99%, em dia de queda dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent cedeu 0,3%, a 82,40 dólares.
No noticiário, a empresa química Unigel está exigindo da Petrobras ressarcimento por prejuízos com duas fábricas de fertilizantes arrendadas da estatal, mostrou uma carta vista pela Reuters, marcando outro revés nas negociações que visam reativar as unidades.
Embraer (EMBR3) caiu 7,03%, em dia de forte correção após renovar máximas históricas na última semana, quando divulgou dados sobre entregas no segundo trimestre.
As atenções estão voltadas para a feira de aviação de Farnborough, na Inglaterra, nesta semana, de onde o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse que espera trazer novidades.
Nesta segunda-feira, a companhia oficializou a venda de nove cargueiros militares C-390 Millennium para a Holanda e a Áustria. Até a sexta-feira, a ação subia 85,4% no ano.
Vale (VALE3) cedeu 0,11%, conforme os preços futuros de minério de ferro caíram nesta segunda-feira na China, mesmo após o banco central chinês cortar a taxa de juros de curto prazo e taxas de empréstimo de referência.
O contrato da commodity mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações do dia com queda de 0,31%, a 798,5 iuans (109,79 dólares) a tonelada.
Suzano (SUZB3) perdeu 0,6%, tendo no radar entrevista do vice-presidente executivo financeiro da maior fabricante de celulose do mundo, na qual ele afirmou que a companhia está buscando expandir sua presença em papel internacionalmente, ao mesmo tempo em que continua a aumentar a produção no Brasil.
A Suzano iniciou no domingo a operação do Projeto Cerrado, a maior fábrica de celulose em linha única do mundo.
Itaú (ITUB4) fechou com decréscimo de 0,06%, enquanto Bradesco (BBDC4) subiu 1,12%.
Santander (SANB11), que divulga balanço na quarta-feira, antes da abertura do mercado, recuou 0,27%.
Banco do Brasil (BBAS3) avançou 0,11%.
Qualicorp (QUAL3), que não está na carteira do Ibovespa, fechou em alta de 2,47%, após divulgar no sábado que a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) “sinalizaram” viabilidade de assinatura de acordo de leniência com a companhia, sob condições.
O acordo trata de acusações que remontam a 2014, envolvendo o fundador e ex-presidente da empresa.
Nubank (ROXO34), que é negociada em Nova York, recuou 3,56%, tendo como pano de fundo relatório de analistas do JPMorgan cortando a recomendação das ações para “neutra” ante “overweight”, citando o “rali impressionante” de quase 62% no acumulado do ano e enxergando um “upside” limitado para os papéis. Também apontaram preocupações com a piora da qualidade de crédito no Brasil e desaceleração do crescimento potencial.
