O Ibovespa (IBOV) recuou nesta quarta-feira, perdendo o patamar dos 131 mil pontos, com pressão negativa dos papéis de empresas ligadas a commodities, na contramão do desempenho positivo dos principais índices acionários em Wall Street.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,46%, a 130.841,09 pontos, tendo oscilado entre a mínima de 130.438,06 pontos e a máxima de 131.627,6 pontos durante a sessão. O volume financeiro somou 19,6 bilhões de reais.
Um cenário desfavorável para os preços do petróleo no exterior e a queda do minério de ferro na Ásia impactaram o desempenho de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), de forte peso no Ibovespa.
Os papéis da petrolífera e da mineradora responderam por maior parte da queda do índice, que chegou a atingir mais cedo seu menor nível intradia este ano.
Para o analista Lucas Serra, da Toro Investimentos, o movimento de baixa no pregão também pode estar refletindo ajustes de posições, após alta expressiva em 2023, quando o índice registrou seu melhor desempenho em quatro anos.
“(Em) janeiro a gente pode acabar vendo algum desmonte de posições”, disse Serra.
Nos Estados Unidos, os principais índices em Wall Street fecharam no azul, em meio à expectativa por dados da inflação norte-americana na quinta-feira, que podem oferecer pistas sobre a trajetória de política monetária do Federal Reserve.
No Brasil, será divulgado na mesma data o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro.
“A volatilidade do início do ano está muito pela divergência sobre quando a gente deve ter realmente uma queda de juros nos EUA”, disse o analista da Buena Vista Capital, Renato Nobile.
O Ibovespa acumula queda de 2,5% até agora em 2024. Desde o começo do ano, o índice tem alternado entre altas e baixas no fechamento.
“O mais importante é o cenário ‘macro’, que realmente está em uma realização de lucros nesse início do ano, e falando do cenário local, (o mercado está) principalmente na expectativa do fiscal, do fechamento de contas”, acrescentou Nobile.
Em meio ao debate acerca da medida provisória de reoneração da folha de pagamento, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, defendeu nesta quarta-feira que o limite da discussão sobre a MP é a responsabilidade fiscal.
Destaques
Vale (VALE3) caiu 1,50%, a 72,23 reais, principal contribuição negativa para o Ibovespa, com os contratos futuros do minério de ferro em sua quinta sessão consecutiva de queda.
O índice de referência de Cingapura atingiu seu nível mais baixo em quase três semanas, com um mercado de aço mais fraco e falta de novos estímulos na China, principal consumidor.
Também no setor de mineração e siderurgia, Gerdau (GGBR4) recuou 2,98%, a 21,48 reais e CSN Mineração (CMIN3) perdeu 2,12%, a 7,37 reais.
Petrobras (PETR4) desvalorizou-se 0,92%, a 37,75 reais e Petrobras (PETR3) recuou 0,99%, a 39,03 reais, em meio à queda dos preços do petróleo no exterior durante a sessão.
A Petrobras comunicou à Vibra que não pretende renovar nos termos atuais o acordo de licenciamento de marcas com a empresa ao final do contrato em junho de 2029, informou a antiga BR Distribuidora, cujos papéis subiram 0,8% na sessão.
Prio (PRIO3) perdeu 4,17%, a 44,35 reais
Eletrobras (ELET3) subiu 2,59%, a 42,76 reais, a principal contribuição positiva para o Ibovespa, enquanto Cemig (CMIG4) valorizou-se 0,08%, a 12,01 reais, Engie Brasil (EGIE3) recuou 0,20%, a 44,32 reais e CPFL Energia (CPFE3) subiu 0,10%, a 38,54 reais.
Ainda no setor, Taesa (TAEE11) fechou em queda de 0,32%, a 37,72 reais.
A companhia elétrica informou na véspera que obteve licença ambiental para operar a subestação Encruzo Novo, pertencente ao projeto de concessão de Tangará. A obtenção da licença é um importante marco para o projeto uma vez que permite o início das obras no trecho correspondente, afirmou a empresa.
Bradesco (BBDC4) caiu 1,72%, a 16,02 reais, enquanto Itaú Unibanco (ITUB4) recuou 0,09%, a 33,29 reais e Banco do Brasil desvalorizou-se 0,17%, a 54,43 reais.
Ainda no setor, Banco do Brasil (BBAS3) perdeu 0,17%, a 54,43 reais
Azul (AZUL4) perdeu 0,88%, a 14,69 reais. A companhia aérea anunciou que a demanda por seus voos em dezembro cresceu 5,7% sobre o mesmo mês de 2022, enquanto a oferta subiu 2,9%, segundo comunicado ao mercado nesta quarta-feira.
O presidente da Azul ainda afirmou que a empresa teve “recorde histórico” no quarto trimestre no indicador conhecido como “Rask”, que mede a receita operacional da companhia por assento e quilômetro oferecidos.
GPA (PCAR3) caiu 3,83%, a 3,77 reais. No radar, o grupo varejista conduz na quinta-feira assembleia geral extraordinária para decidir sobre aumento do limite de capital visando uma potencial oferta de ações, bem como mudança no conselho de administração.
JBS (JBSS3) valorizou-se 1,17%, a 24,28 reais. De pano de fundo, a companhia de alimentos anunciou nesta quarta-feira que seu incubatório de frangos de corte localizado na cidade de Rolândia (PR) recebeu investimentos de 135 milhões de reais para voltar a operar na segunda quinzena de fevereiro.
Localiza (LSAW3) subiu 1,27%, a 63,00 reais. A associação de montadoras, Anfavea, informou que a média diária de vendas de veículos em dezembro é o melhor resultado mensal em quatro anos, puxado pelas locadoras, que emplacaram 75 mil veículos, 30 mil a mais que a média do ano, e pelas promoções dos eletrificados antes da volta do Imposto de Importação.