O Ibovespa (IBOV) fechou quase estável nesta segunda-feira, mesmo com o avanço relevante das ações de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), conforme prevaleceu a cautela diante da agenda da semana, com destaque para dados de inflação no Brasil e Estados Unidos e reunião de política monetária do Federal Reserve.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa terminou com variação negativa de 0,01%, a 120.759,51 pontos, tendo chegado a 121.421,30 pontos na máxima e a 120.540,03 pontos na mínima da sessão.
O volume financeiro somou apenas 16,5 bilhões de reais.
Na visão do analista de investimentos Gabriel Mollo, do Banco Daycoval, a bolsa paulista teve um dia “de lado, apático”, dado o clima de expectativa para as divulgações na semana, particularmente nos EUA, onde as perspectivas sobre um corte de juros neste ano têm diminuído.
A quarta-feira concentrará os holofotes com o desfecho da reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve, que anuncia às 15h (horário de Brasília) sua decisão de juros, que virá acompanhada de projeções econômicas e será seguida de coletiva de imprensa do chair, Jerome Powell.
Não se espera mudança na taxa pelo Fed, atualmente entre 5,25% e 5,50%, assim, o foco deve ficar em eventuais sinais sobre os próximos passos. Previsto também para a quarta-feira, o índice de preços ao consumidor dos EUA de maio (9h30) pode ajudar a calibrar as últimas apostas para a decisão do Fomc.
Mollo afirmou que não espera nenhuma grande oscilação no mercado até essas divulgações, que podem dar uma ideia sobre o rumo dos juros na maior economia do mundo.
De acordo com estrategistas do Santander, há um consenso de que o (mercado acionário no) Brasil parece muito barato, mas investidores ainda não viram um catalisador local claro e aguardam que o Fed inicie o ciclo de flexibilização monetária, que parece ser a principal força impulsionadora do mercado.
Antes de a pauta norte-americana dominar as atenções, agentes financeiros no mercado brasileiro devem analisar o IPCA de maio, previsto para terça-feira, que deve acelerar a alta frente o resultado de abril, com a medida em 12 meses se afastando ainda mais do centro da meta de inflação.
A divulgação dos números pelo IBGE ocorrerá em um ambiente de piora seguida nas previsões para o comportamento dos preços, conforme mostrou o boletim Focus, e revisão de expectativas relacionadas à Selic, com o Itaú também passando a não ver mais espaço para cortes adicionais neste ano.
De acordo com o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, mudanças nas previsões para a taxa Selic terminal de 2024 e expectativas de inflação no Brasil têm gerado um movimento de penalização de empresas da economia interna, com o fluxo migrando para papéis relacionados a commodities.
Destaques
Petrobras (PETR4) avançou 1,52% e Petrobras (PETR3) subiu 1,84%, com a alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou com acréscimo de 2,5%, apoiando a recuperação após queda de mais de 3% nas ações na sexta-feira.
Vale (VALE3) subiu 1,09%, ainda embalada pela alta do minério de ferro nos últimos dois pregões, uma vez que nesta segunda-feira os mercados estão fechados na China.
Itaú Unibanco (ITUB4) recuou 0,79% e Bradesco (BBDC4) caiu 1,84%. No setor, Btg Pactual (BPAC11) cedeu 3,3%.
Grupo Soma (SOMA3) fechou em baixa de 4,7%, em dia negativo para papéis sensíveis à economia doméstica, com o índice do setor de consumo, que inclui ações de companhias de varejo, alimentos, construtoras, saúde e educação, entre outras, perdendo 1,11%.
Eletrobras (ELET3) terminou com elevação de 0,7%, após vender seu portfólio de termelétricas a gás natural para a Âmbar Energia, em operação de 4,7 bilhões de reais. O acordo também reduz riscos para a elétrica associados à Amazonas Energia.
Dasa (DASA3), que não faz parte do Ibovespa, avançou 4,62%, após confirmar que está em negociações com a operadora de planos de saúde Amil para uma combinação de negócios, acrescentando que as conversas estão em “estágio avançado”.