As importações de diesel pelo Brasil cresceram 17,4% em julho ante o mesmo mês do ano passado, com impulso da demanda para abastecer caminhões que transportam produtos exportados e importados pelo Brasil, afirmou a consultoria StoneX, a partir de dados oficiais compilados do governo federal.
As compras externas do combustível fóssil somaram 1,27 bilhão de litros no sétimo mês do ano.
“O resultado segue refletindo o bom desempenho da balança comercial brasileira, em meio às exportações elevadas de bens e produtos originados pelo setor agropecuário, extrativista e de transformação, que registraram avanços na ordem de 16%, 15% e 7%, respectivamente”, disse em nota o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Bruno Cordeiro.
O cenário, ressaltou o especialista, impulsiona a demanda por transporte desses bens dos centros produtivos aos terminais de exportação através dos modais rodoviário e ferroviário, cenário semelhante ao observado no primeiro semestre do ano.
Cordeiro ressaltou ainda que o terceiro trimestre do ano conta com um avanço sazonal do consumo de diesel em meio ao crescimento das importações de alguns insumos agrícolas, principalmente fertilizantes, o que tende a fortalecer também a importação do combustível para atender à expansão da demanda doméstica.
Em julho, a Rússia se manteve como o principal fornecedor externo do país, respondendo por 76% do volume total internalizado em julho um aumento de 5,2 pontos percentuais em relação ao registrado junho.
“A predominância do diesel russo no mercado brasileiro segue desde o segundo trimestre de 2023, refletindo o maior grau de competitividade do produto frente as outras referências, conforme a Rússia passou a buscar um maior ‘marketshare’ na América Latina após a imposição das sanções da União Europeia aos derivados comercializados pelos russos”, disse Cordeiro.
Entretanto, os Estados Unidos, que tradicionalmente eram os maiores fornecedores do Brasil, alcançaram a maior participação relativa das importações brasileiras de diesel desde maio de 2023, respondendo pelos demais 24% do volume internalizado no mês.
No acumulado do ano até julho, o Brasil importou 8,3 bilhões de litros de diesel, alta de 3,4% em relação ao mesmo período de 2023. A Rússia respondeu por 73% do total importado, seguido por EUA (9%), Emirados Árabes Unidos (6%) e Kuwait (4%).
Gasolina
Já as importações de gasolina pelo Brasil cresceram 20% em julho ante o mesmo mês do ano passado, a 267 milhões de litros, segundo a StoneX, a partir de dados compilados do governo federal.
“As importações, assim, conseguiram se recuperar da mínima registrada no mês anterior, podendo refletir o aumento do consumo interno, tanto pelo aumento da demanda por combustíveis leves que sazonalmente se verifica em julho, como também pela recuperação da competitividade da gasolina frente o etanol nas últimas semanas”, disse a analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Isabela Garcia.
A especialista destacou que o movimento ocorreu apesar de um aumento de cerca de 7% do preço médio da gasolina vendida pela Petrobras principal produtora de derivados no Brasil nas refinarias no início do mês, no primeiro ajuste da companhia nesse combustível em oito meses.
Do lado dos fornecedores, 25% das importações vieram da Rússia, seguido por Malta (19%), Holanda (19%) e Estados Unidos (18%), dentre outros.
Já no acumulado do ano até julho, as importações de gasolina pelo Brasil caíram 36,9%, a 1,6 bilhão de litros, principalmente devido a um recuo da demanda interna no primeiro semestre, diante da maior competitividade do etanol hidratado, como também pela forte produção doméstica das refinarias, limitando a necessidade de importação no período, disse Garcia.