Em meio à catástrofe ambiental que atinge o Rio Grande do Sul, comunidades indígenas no Estado penam para tentar voltar a uma vida normal sem renda e com ajuda limitada, esquecidas em pequenas aldeias pelo Estado.
O cálculo do governo federal é que 9 mil famílias indígenas, em 110 das 214 comunidades do Rio Grande do Sul tenham sido atingidas diretamente pelas enchentes. A ajuda que tem chegado, no entanto, é pouca, apesar das toneladas de doações enviadas ao Estado.
Na aldeia guarani Pindo Poty, na zona sul de Porto Alegre, as 52 pessoas que vivem em um território menor que um hectare receberam das organizações Greepeace e Cruz Vermelha 30 cestas básicas na segunda-feira, as primeiras desde a enchente que chegou a um metro e meio de altura.
Antes disso, conta o cacique Rodrigo Ramires, ninguém apareceu. “Aqui não chegou ainda, e a gente precisa. A enchente estragou a comida que a gente tinha, as roupas”, diz.
Na cozinha comunitária, uma panela com miúdos de frango, um pacote de farinha, alguns biscoitos e uma marmita de doação era tudo que havia para a refeição do dia, além de laranjas de um pé carregado que fica no centro da terreno.
A situação dos indígenas da Pindo Poty se agrava ainda pela falta de espaço para plantar. O grupo de guaranis, assim como outros indígenas na zona metropolitana de Porto Alegre, vivem de vender artesanato, além de programas sociais como o Bolsa Família.
“A gente vende no centro, no mercado público, mas agora não dá para ir. E com essa enchente vai demorar para alguém voltar a comprar”, diz o cacique. O centro de Porto Alegre ainda está debaixo d’água.
Na semana passada, em visita ao Rio Grande do Sul, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, prometeu a entrega de uma cesta básica a cada 15 dias para cada uma das famílias afetadas. Na Pindo Poty, no entanto, a ajuda ainda não chegou.
O Ministério dos Povos Indígenas foi consultado sobre a previsão de chegada para a ajuda prometida às comunidades, mas ainda não respondeu.