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Inflação: definição e glossário para leigos

por Conrado Navarro
3 min leitura

Inflação: definição e glossário para leigosCarlos comenta: “Criadores do Dinheirama, tanto vocês quanto diversos veículos especializados têm falado muito sobre a inflação, sua corrosiva ação sobre nosso dinheiro e seus perigos enquanto fenômeno econômico. No entanto, alguns leitores, como eu, não conhecem a definição clássica para inflação e os principais índices usados para medi-la aqui no Brasil. IPCA, INPC, IGPs, pode esclarecer algo sobre isso? Obrigado.”

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É verdade! Dedicamos muitos artigos ao fenômeno da inflação, mas não nos concentramos em explorá-lo conceitualmente ou em sua esfera prática de análise e aferição. A definição clássica da inflação pode ser traduzida pelas palavras do Prof. U. W. Rasmussen, autor do livro “Economia para não-economistas”:

“Há movimento inflacionário quando a demanda agregada aumenta mais rapidamente que a oferta agregada, gerando um aumento imediato nos preços de produtos, commodities e serviços. Ou seja, a demanda agregada não é acompanhada por uma oferta agregada equilibrada que mantenha os preços estáveis”

Em suma, preços altos são geralmente ocasionados por uma oferta estacionada de produtos, cuja demanda encontra-se em níveis crescentes. É o caso presente das commodities e dos alimentos: muitos países em desenvolvimento puxaram a demanda com força e não há, ainda, capacidade produtiva (oferta) capaz de suportá-la.

Repare que, nestes casos, a economia[bb] muito aquecida – o que traduz-se na população consumindo bastante – favorece o aumento dos preços, já que só se vê aumentar a demanda. A produtividade, traduzida em oferta, não acompanha. Assim, a arma chamada elevação dos juros (alta da taxa Selic) deixa o dinheiro mais “caro”, o que tende a esfriar o consumo.

Então, caro leitor, quando você ler que o governo está aumentando os juros básicos da economia para tentar frear a inflação, lembre-se: ele quer deixar o crédito mais caro e, assim, diminuir a facilidade de consumo (demanda). É uma atitude econômica clássica. Cabe lembrar que a inflação pode ainda surgir a partir de excessivos aumentos de salários ou monopólios, onde os preços são elevados sem que a produtividade seja afetada.

IPC, IPCA, IGPMs etc…
Os chamados índices de preços são ferramentas muito importantes para acompanhar a evolução da inflação e seu impacto diante de um grande número de variáveis. Os principais órgãos e instituições que medem a alta dos preços são o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a FGV (Fundação Getulio Vargas) e a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

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Recente reportagem do jornal Folha de S. Paulo detalhou alguns dos principais índices de preços usados no Brasil. Confira.

INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), aferido pelo IBGE:

  • Retrata a alta nos preços ao consumidor no país, para faixa de renda familiar entre 1 e 6 salários mínimos. É medido do dia primeiro ao último dia do mês;
  • É o indicador mais usado nas negociações salariais e serve para corrigir o salário mínimo;
  • Participa da fórmula para o cálculo do reajuste de tarifas de telefone;
  • 7,28% é a inflação acumulada em 12 meses (até junho) pelo INPC.

IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), aferido pelo IBGE:

  • Retrata a alta nos preços ao consumidor no país, para faixa de renda familiar entre 1 e 40 salários mínimos. É medido do dia primeiro ao último dia do mês;
  • É o índice usado como referência para as metas de inflação do governo;
  • Usado nos reajustes de aluguéis e outros contratos;
  • Participa da fórmula para o cálculo de reajuste de tarifas de telefone;
  • 6,06% é a inflação acumulada em 12 meses (até junho) pelo IPCA.

IPC (Índice de Preços ao Consumidor), aferido pela Fipe:

  • Retrata a alta nos preços ao consumidor no município de São Paulo, para faixa de renda familiar entre 1 e 20 salários mínimos. É medido do dia primeiro ao último dia do mês;
  • É utilizado como indexador de aluguéis e contratos privados e públicos;
  • 5,84% é a inflação acumulada em 12 meses (até junho) pelo IPC.

IGPs – IGP-DI, IGP-M e IGP-10 – aferidos pela FGV:

  • Retratam a variação dos preços ao consumidor, no atacado e na construção civil no país;
  • O que muda em cada um deles é o período de coleta. O IGP-M é coletado do dia 21 de um mês ao dia 20 do outro; o IGP-10, do dia 11 de um mês ao dia 10 do outro; e o IGP-DI, do dia 1o. ao dia 30;
  • No cálculo destes índices entram o IPA (preços por atacado), com peso de 60%, o IPC (preços ao consumidor), com peso de 30%, e o INCC (custos da construção), com peso de 10%;
  • O IGP-M é usado para reajustar aluguéis e contratos privados, além de alguns serviços de TV a cabo. É também um dos componentes do indexador dos contratos de energia elétrica e participa da fórmula para o cálculo de reajuste de tarifas de telefone;
  • O IGP-DI é usado como indexador das dívidas dos Estados com a União. Além disso, também reajusta contratos privados e aluguéis e participa da fórmula para o cálculo de reajuste de tarifas de telefone;
  • 13,44% é a inflação acumulada em 12 meses (até junho) pelo IGP-M;
  • 13,96% é a inflação acumulada em 12 meses (até junho) pelo IGP-DI.

Ufa! Conhecendo melhor a inflação e seus principais índices, você pode ficar mais atento em relação aos contratos que assina, às principais reportagens do noticiário econômico nacional e seus investimentos[bb]. Entender porque o Dragão assusta tanto é elemento fundamental para tentar mantê-lo adormecido (ou domesticado, como sempre querem os governos). Que tal? O artigo foi útil? Esperamos que sim. Até a próxima.

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Crédito da foto para stock.xchng

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