Os estrangeiros estão reduzindo os investimentos em ativos reais no Brasil, enquanto elevam as entradas em títulos da renda fixa do governo brasileiro, mostram os dados do setor externo publicados pelo Banco Central nesta segunda-feira (25).
No mês, os investimentos diretos (IDP) no país alcançaram US$ 4,270 bilhões, bem abaixo dos US$ 10,014 bilhões em agosto do ano passado.
No ano, o saldo do IDP é de US$ 37,9 bilhões, o que representa uma queda de 36% em relação a 2022.
Investimentos
Na conta do IDP, houve ingressos líquidos de US$ 5,2 bilhões em participação no capital e resgate de US$ 0,96 bilhão em operações intercompanhia. Os números correspondem a quedas de 32% e 72%, respectivamente.
“Estes números mais fracos refletem fatores domésticos e externos”, avalia a MCM Consultores, em um relatório enviado a clientes.
A consultoria destaca as condições financeiras mais apertadas, decorrentes dos juros mais altos no exterior, o que pode ter afetado a queda dos empréstimos intercompanhia.
Já internamente, contudo, a MCM ressalta as dúvidas e inseguranças sobre os rumos da política econômica do governo Lula, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Destacamos as incertezas decorrentes do novo governo que propôs um novo sistema tributário, anunciou propostas de elevação dos impostos corporativos para redução do déficit público e efetuou alterações em marcos regulatórios que poderiam atrair forte fluxo de investimentos, como o do saneamento básico”, pontua a consultoria.
Ações e renda fixa
A falta de clareza sobre o impacto dessas medidas nas empresas e a ainda elevada taxa Selic, que está em 12,75% ao ano, impacta o perfil dos investimentos no mercado de capitais brasileiro.
Em agosto, o saldo líquido ficou negativo em US$ 0,3 bilhão. Isso foi resultado das saídas de US$ 2,3 bilhões em ações e fundos de investimentos em agosto e entradas de US$ 2 bilhões em renda fixa.
No ano, as entradas em ações e fundos estão negativas em US$ 2,8 bilhões, enquanto isso, em renda fixa, o volume está positivo em US$ 10,25 bilhões, e continua com tendência de alta.
“A redução da aversão ao risco no exterior, entre outros fatores, estimulou a demanda dos estrangeiros por títulos brasileiros. Neste ano, os investidores estrangeiros têm mostrado elevada disposição em comprar papéis brasileiros”, ressalta a MCM.