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Inteligência e competência: uma maneira diferente de discutir esses temas

por Emerson Weslei Dias
3 min leitura
Inteligência e competência: uma maneira diferente de discutir esses temas

Joãozinho é um menino muito sabido, todos os adultos elogiam suas “sacadas”, por sua desenvoltura intelectual e capacidade de ser engraçado, mostra certa habilidade com as palavras, até um pouco precoce para garotos de sua idade.

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É que Joãozinho diz não gostar muito de videogame, nem de skate, brinca com os outros garotos, mas só quando é voto vencido na escolha da brincadeira da turma. Sendo ainda bastante tímido, ele prefere as histórias que cria em sua cabeça ao ler os quadrinhos que o irmão mais velho deixa jogado pela casa.

Joãozinho gosta de assistir desenhos e criar grandes batalhas com suas massinhas coloridas que se transformam em soldados, tanques de guerra e trincheiras que disparam raios laser e bolas de fogo nos inimigos.

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Mariana é uma garota muito extrovertida, mas adora brincar sozinha com suas bonecas quando está em casa, inventa histórias de príncipes e princesas em seu quarto, porém só quando está em casa.

O que ela gosta mesmo é de andar de skate pelos corredores do condomínio onde mora, sabe de cor a quantidade de degraus em cada andar, afinal vive tentando descê-los todos com sua turma, composta majoritariamente de meninos.

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Mesmo tímida, Mariana gosta de competir, organiza os campeonatos de skate, tem recebido elogios dos adultos por sua desenvoltura como líder, é boa com números, então além de organizadora é responsável pela computação dos resultados.

Mariana faz prognósticos e acertou antecipadamente quem seria o campeão de skate do condomínio nas duas últimas “temporadas”. Ela reclama que Joãozinho não é como os outros meninos, pois ele nem liga se fica em último lugar no campeonato de skate.

Os anos se passaram, a turma se mudou, todos cresceram e tomaram destinos diferentes. Mariana estudou fora do país e ao mesmo tempo conseguiu estágio num grande banco, que fez sua carreira alavancar, e hoje, aos 35 anos, comanda a subsidiária mexicana de de uma instituição financeira.

Diz-se no mercado que ninguém melhor que Mariana para reestruturar empresas e fazer prognósticos sobre o desenvolvimento econômico na América Latina, tendo se tornado inclusive a queridinha de um ministro da Fazenda.

Ela recusou inúmeros convites para integrar a equipe econômica no ultimo governo, sempre apressada e com agenda cheia e ainda não pensa em ter um relacionamento fixo. Filhos passam longe de seus planos, talvez depois que dominar o 5º idioma.

João é um vendedor de artesanatos e mantém um bazar com a esposa. Ela toma conta das finanças enquanto ele produz arte, pintura, esculturas e música. Joãozinho mudou-se para uma cidade próxima à grande metrópole logo depois que o pai faleceu, pois acreditava que seria melhor sair da cidade grande, mas não se afastar tanto.

Ele também pensou que assim seria mais fácil para criar os gêmeos, afinal fora da cidade grande o custo de vida é menor, daria para ter mais tempo para a família e dar atenção para a mãe, que depois da viuvez parece ter perdido um pouco a vontade de viver.

Este ano, a turminha do condomínio que tem um grupo na rede social combinou um encontro. Todos irão se reencontrar e como ainda existem pais que moram no antigo condomínio, a bagunça será no salão de festas.

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Todos estão curiosos para saber dos caminhos escolhidos por cada um, já que a rede social mostra como estão todos hoje. O grande barato será contar o caminho que cada um fez para estar onde está.

Histórias diferentes, com origens muito próximas, todos praticamente nasceram no condomínio, mas que ao longo da vida foram se moldando para diferentes rumos, e a pergunta que João talvez tenha na cabeça para fazer a Mariana é: qual deles foi mais competente? Quem teria feito escolhas mais inteligentes?

Para o grande Piaget, pai do construtivismo, inteligência é desenvolvimento: quanto mais estímulo, mais se desenvolve e a aprendizagem se dá pela interação e produz conhecimento.

Com meu parco conhecimento de pedagogia, entendo que todos eles tiveram oportunidades muito próximas. Tanto Mariana quanto João aprenderam línguas, desenvolveram a capacidade cognitiva e motora para isso, tinham estímulos, mas por que se transformaram em adultos tão diferentes?

Se estivéssemos no início do século XX na França, quando se iniciou o desenvolvimento dos testes de QI (Quociente de Inteligência), ouso dizer que Mariana teria sido classificada num QI maior que João, e isso explicaria porque Mariana foi tão longe na carreira.

Mas nós já sabemos que os testes de QI são meros testes de lógica, e nem todos têm a mesma aptidão para lógica, razão pela qual os testes são cada vez menos usados.

Talvez com a teoria de Gardner e suas múltiplas inteligências, fique mais claro explicar João e Mariana. João teria inteligência mais voltada para o lado literário, artístico; Mariana mais para lógica, negócios e sua desenvoltura com os meninos mostrava uma inteligência interpessoal também.

João, mais introvertido, prefere suas reflexões e menos interações. O convívio com outras culturas deu a Mariana vivência prática e benchmarking para solução de problemas, o que melhora a criatividade e adaptabilidade. O cargo de liderança impõe aprender sobre negociação, trabalho em equipe, motivação enfim competências que o mundo dos negócios valorizam.

Mariana deve ter lido Drucker, Porter, Kotler, Falconi, Collins, Kaplan e tantos outros; João iria preferir Neruda, Garcia Marques, Capote, Schopenhauer e Eco que as corporações e cursos de administração talvez até desconheçam.

Mas o que chama atenção nesta história é que ambos são inteligentes e tiveram a oportunidade de desenvolver suas próprias inteligências para adquirir as competências para aquilo que planejaram ou não na vida, não se pode medir inteligência, quem seria mais inteligente: Freud ou Einstein?

São inteligências distintas incomparáveis, enquanto um estuda o indivíduo e sua psique o outro estuda o universo e para isso, ambos desenvolveram suas próprias competências para aquilo que precisaram, então a competência pode ser medida e tanto pode ser desenvolvida por intermédio da repetição, basta tempo e dedicação.

Já a inteligência está em nós, ela é usada para falarmos, para nos movimentarmos, para dialogar e etc., e é só porque a temos que podemos desenvolver competências, que nada mais é do que aplicação da inteligência cognitiva/motora e emocional.

A competência para ser simples, é: Um agrupamento de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes correlacionados, o bom e velho conhecido saber + saber/fazer + fazer

Mas mesmo assim, ainda não conseguimos explicar os fenômenos Joaozinho e Mariana, ainda precisaríamos avaliar suas inteligências emocionais. Inteligência Emocional foi um termo cunhado por Peter Salovey e John Mayer em 1990 que ganhou força com o best seller de Daniel Goleman de 1995 – Inteligência Emocional, que seria:

Um conjunto de competências emocionais e sociais que se revelam com os desafios da vida diariamente, é a Inteligência que faz Zinedine Zidane ser um dos maiores atletas do futebol de todos os tempos e é a inteligência emocional, ou a falta dela, que fez ele ficar marcado por ter dado uma cabeçada na barriga do zagueiro Italiano na final da copa do mundo de 2006 na Alemanha.

Não se pode afirmar com precisão cirúrgica o que é inteligência, mas considerando nossa pequenez de raciocínio comparado a tudo que ainda não sabemos sobre nós mesmos, vamos nos guiar pelas teorias até hoje apresentadas.

João e Mariana são tudo isso e mais ainda fruto de suas escolhas e acasos, sim, ele sempre está presente, mesmo os mais competentes nem sempre se sobressaem porque o acaso pode aparecer, impossível comparar competências entre os dois, cada um atua numa área, são competências distintas, não se compara vendedor com comprador, pois são competências diferentes, que dirá comparar um artista com uma executiva.

Como diria Arthur Schopenhauer: “O que nos torna felizes ou infelizes não é o que as coisas realmente são no contexto externo da experiência, mas o que representam para nós do nosso ponto de vista”.

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Se pudéssemos adentrar essa história fictícia, talvez coubesse perguntar a ambos: independente de inteligência ou competência você é feliz nas escolhas que fez e nos acasos que a vida lhe reservou?

Não se pode comparar inteligências: Freud ou Einstein? Mas, você sabe que o Neymar é melhor que a maioria dos atacantes, isso é competência.

Use sua inteligência e desenvolva as competências necessárias para viabilizar os seus inéditos!

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